Criptomoedas: Tether (USDT) é a mais negociada no Brasil

Tether é responsável por cerca de 80% de todas as operações com criptomoedas registradas em 2023

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Publicado em 26/10/2023 às 17:17h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 26/10/2023 às 17:17h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
Tether é uma stablecoin, com paridade no dólar (Shutterstock)

A Tether (USDT) desbancou o Bitcoin (BTC), tornando-se a criptomoeda mais negociada no Brasil. Segundo a Receita Federal, a Tether representa cerca de 80% de todas as movimentações já realizadas com criptomoedas no país em 2023.

A Tether é uma stablecoin, isto é, uma moeda digital vinculada a um ativo real que, por isso, promete mais estabilidade de preços. Além de reduzir a volatilidade, a paridade com uma moeda real amplia a possibilidade de utilização das stablecoins como meio de pagamento. Por isso, o uso desse tipo de criptoativos tem crescido no Brasil, como já mostrou o Investidor10.

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Em estudo publicado nesta semana, a Receita Federal disse ter observado um “crescimento significativo do uso de stablecoins” no Brasil desde 2019. No período, a Tether acumulou uma movimentação superior a R$ 271 bilhões. É quase o dobro do registrado pelo Bitcoin, que ficou em segundo lugar com cerca de R$ 151 bilhões.

Segundo os dados do Fisco, a Tether ultrapassou o Bitcoin em meados de 2022 e, desde então, vem apresentando um crescimento vertiginoso. Já no ano passado, o volume movimentado pela stablecoin superou o valor negociado por todas as outras criptomoedas no Brasil. E a Tether segue na liderança isolada neste ano, representando 80% de todos os negócios com criptomoedas já registrados pela Receita Federal em 2023.

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Preferida dos brasileiros, a Tether tem uma proposta de paridade com o dólar. Embora nem todas as unidades da criptomoeda tenham um dólar como lastro, a ideia permite uma volatilidade inferior à de outros ativos, como o Bitcoin. É a mesma ideia da USDC, que aparece na quinta posição do ranking elaborado pelo Fisco. 

A lista da Receita Federal considera os dados acumulados desde 2019 e ainda apresenta outra stablecoin: o Brazilian Digital Token, que é atrelado ao real. “A partir da análise de dados públicos é possível observar uma mudança significativa no perfil das transações envolvendo criptomoedas nos últimos anos. A negociação de Bitcoin e outras criptomoedas foi superada em larga escala pela movimentação de stablecoins como o Tether”, afirmou a Receita Federal.

Fisco monitora

Além de garantir preços mais estáveis, a paridade com uma moeda real amplia a possibilidade de utilização das stablecoins como meio de pagamento. Contudo, também há indícios de operações ilegais com esse tipo de ativo, como evasão fiscal e remessas ilegais de dólares para o exterior por meio de stablecoins. Por isso, esse tipo de ativo está no radar dos órgãos reguladores, como o BC (Banco Central) e a Receita Federal.

No estudo publicado nesta semana, o Fisco disse que o crescimento do uso de stablecoins “chamou a atenção” e vem sendo monitorado. “A Receita Federal utiliza um completo sistema de análise para realizar o monitoramento das atividades de criptoativos. A partir dessas ferramentas, é possível detectar transações suspeitas por meio da manipulação de um volume muito grande de dados e informações”, afirmou.

O sistema do Fisco ainda identifica a localização das pessoas físicas que compram e vendem criptomoedas e recentemente ganhou uma nova funcionalidade desenvolvida para representar relacionamentos entre operadores. A Receita disse que a ideia é “facilitar uma análise na busca de irregularidades tributárias”.

Fraudes com criptomoedas foram investigadas pelo Congresso Nacional nos últimos meses, por meio da CPI das Pirâmides Financeiras. Os parlamentares propuseram o indiciamento de suspeitos de irregularidades e a avaliação de projetos de lei que podem aumentar a segurança do setor. Além disso, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, vem prometendo “apertar a regulação” para que as corretoras que vendem criptomoedas passem a ser fiscalizadas no Brasil.