Copom pode acelerar alta da Selic nesta semana? Veja o que esperar

O ciclo de aumento dos juros foi iniciado pelo Copom em setembro, com uma alta inicial de 0,25 ponto percentual.

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Publicado em 03/11/2024 às 18:57h - Atualizado 3 dias atrás Publicado em 03/11/2024 às 18:57h Atualizado 3 dias atrás por Matheus Rodrigues
O relatório do Itaú destaca um conjunto de variáveis que tornam o cenário incerto (Imagem: Shutterstock)

🚨 Com o cenário econômico ainda pressionado por inflação persistente e riscos cambiais, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se prepara para sua próxima reunião nos dias 5 e 6 de novembro, e o mercado já se antecipa sobre uma possível aceleração na alta da taxa Selic.

O Itaú (ITUB4), assim como outros bancos e casas de análise, projeta um ajuste de 0,50 ponto percentual, elevando a taxa básica de juros para 11,25% ao ano, em um movimento que poderia sinalizar maior intensidade no combate à inflação e volatilidade econômica.

O ciclo de aumento dos juros foi iniciado pelo Copom em setembro, com uma alta inicial de 0,25 ponto percentual.

No entanto, o Itaú, sob a análise de seu economista-chefe Mario Mesquita, sugere que o ambiente econômico permanece “desafiador”, o que justificaria uma postura mais agressiva.

Entre os fatores que pesam nessa decisão estão a depreciação do real, núcleos de inflação que superam a meta, e um mercado de trabalho que permanece aquecido, alimentando pressões sobre os preços.

Fatores que influenciam o cenário atual

O relatório do Itaú destaca um conjunto de variáveis que tornam o cenário incerto.

A recente prévia da inflação, o IPCA-15 de outubro, registrou alta de 0,54%, acima das expectativas do mercado e muito acima do resultado de setembro, de 0,13%.

Essa alta reflete uma aceleração nos preços de serviços e bens industriais, evidenciando a persistência inflacionária.

Além disso, o mercado de trabalho mostrou-se resiliente: a taxa de desemprego caiu para 6,4% em setembro, surpreendendo positivamente, e o número de empregos formais foi superior ao previsto, com a criação de 247 mil vagas.

Esse dinamismo no emprego e a expansão da massa salarial real indicam uma pressão adicional sobre a inflação de serviços, que tende a ser menos responsiva à política monetária.

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O que esperar das próximas decisões do Copom

Para o Itaú, as próximas reuniões do Copom devem seguir um tom cauteloso, mantendo o compromisso com a convergência da inflação à meta e deixando em aberto o ritmo dos ajustes futuros.

Em um ambiente de volatilidade elevada, a estratégia do Banco Central deve ser flexível, mas com ênfase em reforçar sua postura contra a inflação.

Com o cenário global e as expectativas de juros no exterior adicionando complexidade ao quadro, o Copom poderá optar por um tom mais agressivo nesta reunião e, possivelmente, nas próximas.

Outro ponto de atenção são os fatores externos, especialmente a reprecificação dos juros nos Estados Unidos e as próximas eleições presidenciais americanas, que trazem incertezas ao mercado financeiro global.

No âmbito doméstico, as preocupações com a política fiscal permanecem no radar, em meio a expectativas de gastos públicos elevados que podem desafiar o controle da dívida pública e aumentar a pressão sobre o câmbio.

Mercado cauteloso com a trajetória do câmbio e fiscal

📈 Para o resto do ano, o cenário para o câmbio deve permanecer volátil, com riscos adicionais relacionados à política fiscal no Brasil e à incerteza nos mercados globais.

A reprecificação das taxas de juros internacionais influencia diretamente a moeda brasileira, e a combinação com um cenário fiscal doméstico incerto pode exigir ainda mais da política monetária.

Dessa forma, a expectativa de uma alta de 0,50 p.p. na Selic não apenas endereça a inflação corrente, mas também busca mitigar os riscos futuros.

O compromisso do Copom em ajustar a Selic conforme necessário reafirma a importância de políticas prudentes para sustentar a credibilidade do Banco Central e manter a economia brasileira no caminho da estabilidade, apesar dos desafios à frente.

À medida que a reunião do Copom se aproxima, o mercado aguarda sinais de como a autoridade monetária irá balancear os riscos inflacionários e de crescimento econômico.

A expectativa é de que o Banco Central adote um tom firme em seu comunicado, sinalizando seu compromisso com a estabilidade dos preços e deixando claro que a política monetária seguirá responsiva aos desafios do cenário global e doméstico.

Esta próxima reunião será, sem dúvida, um marco para o ajuste da Selic e a estratégia do Banco Central no combate à inflação.