Copom eleva Selic para 14,25% ao ano e prevê nova alta

O comitê elevou os juros em 1 ponto percentual, mas antevê um ajuste menor em maio.

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Publicado em 19/03/2025 às 18:39h - Atualizado 4 minutos atrás Publicado em 19/03/2025 às 18:39h Atualizado 4 minutos atrás por Marina Barbosa
Copom vem elevando a Selic desde setembro de 2024 (Imagem: Shutterstock)

O Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (19).

📈Com isso, a taxa básica de juros da economia brasileira foi para 14,25% ao ano. É o maior patamar desde outubro de 2016, período marcado pela crise do governo de Dilma Rousseff (PT).

Esta é a quinta alta consecutiva da Selic e a terceira de 1 ponto percentual. O ajuste, contudo, era esperado pelo mercado. Afinal, já havia sido encomendado pelo Copom, por causa da "continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação".

Ao confirmar a elevação dos juros, o Copom afirmou que "o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes" e disse que o cenário doméstico ainda apresenta desafios.

"O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista", declarou.

O Copom avalia, então, que a nova alta da Selic "é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante".

💲 A meta de inflação perseguida pela Banco Central é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. O Copom, no entanto, projeta um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 5,1% para 2025 e de 3,9% para o terceiro trimestre de 2026, o atual horizonte relevante de política monetária.

A expectativa do Copom é ligeiramente melhor do que a do mercado. Segundo o Boletim Focus, o mercado projeta uma inflação de 5,66% em 2025 e 4,48% em 2026. A expectativa de inflação de 2025, contudo, recuou nesta semana, depois de 20 semanas consecutivas de alta.

Ajuste menor à frente

🏦 Apesar desses desafios, o Copom indicou que vai maneirar o ritmo do ajuste da política monetária. O comitê prevê uma nova alta da Selic em maio, mas indicou que a elevação não será mais de 1 ponto percentual.

"Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião", afirmou.

O Copom, no entanto, deixou a porta em aberto para as reuniões seguintes, indicando que o aperto dos juros pode seguir ou estacionar em junho.

Segundo o comitê, "a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos".

De acordo com o Boletim Focus, o mercado acredita que a Selic estará em 15% ao final de 2025, mas deve diminuir para 12,50% em 2026, 10,50% em 2027 e 10,00% em 2028.

Os analistas, no entanto, se dividem sobre o tamanho do aperto que virá em maio, com apostas oscilando entre uma alta de 0,50 ou de 0,75 ponto percentual da Selic.

Veja aqui o que espera o mercado para a reunião de maio do Copom

Riscos para a inflação

Na avaliação do Copom, os riscos de alta da inflação ainda prevalecem no momento atual. Veja os riscos inflacionários apontados pelo comitê:

  • desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
  • maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo;
  • conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

O Copom, contudo, também vê riscos de baixa para a inflação. São eles:

  • impactos sobre o cenário de inflação de uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada;
  • um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais.

Além disso, o comitê segue acompanhando a situação fiscal, já que "a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes".