Como a volta da guerra comercial EUA-China mexe com seus investimentos?

Donald Trump ameaça impor tarifas comerciais de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro.

Author
Publicado em 14/10/2025 às 15:21h - Atualizado 12 horas atrás Publicado em 14/10/2025 às 15:21h Atualizado 12 horas atrás por Lucas Simões
Entenda como a China tem poder de barganha sobre os EUA, afetando bolsas de valores (Imagem: Shutterstock)
Entenda como a China tem poder de barganha sobre os EUA, afetando bolsas de valores (Imagem: Shutterstock)
Os canhões voltaram a zumbir sobre as bolsas de valores do mundo desde o último dia 9 de outubro, quando a China ativou o seu poder de barganha sobre os Estados Unidos: o controle sobre as terras raras. Este mais novo capítulo da guerra comercial entre as maiores potências econômicas traz impactos aos seus investimentos, abrindo tanto oportunidades quanto decisões cautelosas.
Donald Trump, como presidente dos EUA, já prometeu impor tarifas comerciais de 100% sobre os produtos chineses destinados ao mercado americano a partir de 1º de novembro, como forma de retaliar a decisão do governo chinês de Xi Jinping. E o tom das negociações é chave para entender qual pode ser o comportamento dos investimentos.
Para Rafael Passos, analista de gestora Ajax Asset, é justamente a disposição recente demonstrada por Trump em negociar com a China que tem feito os investidores globais darem um voto de confiança e provocarem a recuperação da maioria dos ativos ao longo desta semana.
"Em tom mais conciliador, Trump afirmou que os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la, sugerindo uma possível trégua antes da entrada em vigor, em 1º de novembro, de tarifas de 100% sobre produtos chineses. Ou seja, há espaço para um acordo que estabilize os mercados e reduza parte das tarifas existentes", explica o especialista.
Todavia, alguns membros do próprio governo Trump deram declarações menos amistosas sobre as negociações entre americanos e chineses nesta terça-feira (14), o que reforça o porquê de os investidores estarem se refugiando em ativos de valor, como o ouro.
O Secretário do Tesouro Scott Bessent acusou Pequim de tentar enfraquecer a economia global ao restringir exportações de recursos vitais para a tecnologia, durante entrevista ao Financial Times. Já Jamieson Greer, representante comercial dos EUA, contou à CNBC que Trump ainda pode aplicar o tarifaço de 100% contra os produtos chineses antes mesmo do 1º de novembro.
Não por acaso, o ouro tem sido o principal “porto seguro” do mercado financeiro em tempos de incerteza, acumulando agora alta de +56% em 2025 e ultrapassando a cotação de US$ 4,1 mil por onça-troy. Aqui no Investidor10, já mostramos como os brasileiros podem colocar o metal precioso em suas carteiras.

Por que terras raras importam tanto?

Talvez ainda não tenha ficado claro para a maioria dos investidores o porquê de um grupo de commodities metálicas, conhecido como terras raras, ser o principal responsável pela volta da guerra comercial entre Washington e Pequim.
É preciso se ter em mente que as terras raras são elementos essenciais para a indústria bélica, como, por exemplo, os ímãs feitos a partir de tais matérias-primas e que são componentes essências em armas militares nos EUA, como aviões de guerra, mísseis balísticos, drones e outros sistemas de defesa.
Outro exemplo também fácil de fixar é a dependência que a Tesla (TSLA) possui de ímãs, necessários para o funcionamento de seus carros e elétricos. 
Além disso, fabricantes de chips de alta tecnologia, como a gigante Nvidia (NVDA), utilizam tais metais na composição de seus semicondutores.
E, como a China é tanto o país líder em reservas e exploração de terras raras, acaba mantendo os EUA em uma sinuca de bico. O Ministério do Comércio da China já indicou que não vai recuar por causa da ameaça tarifária de Trump e que o controle sobre a exportação de terras raras é legítimo, e sugere que os americanos mantêm barreiras comerciais ainda maiores sobre os seus produtos.