Com dívidas de R$ 600 bilhões, concessionária do Aeroporto de Guarulhos pode pedir recuperação judicial

Empresa teria contratado BR Partners para auxiliar no processo

Author
Publicado em 22/05/2025 às 12:28h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 22/05/2025 às 12:28h Atualizado 1 dia atrás por Wesley Santana
GRU Airport é um importante hub na América Latina (Imagem: Shutterstuck)

O Aeroporto de Guarulhos, principal terminal aérea do país, é controlado por um consórcio que envolve a ACSA (Airports Company South Africa) e a Invepar. Essa última também é responsável por outras concessões, caso da Linha Amarela no Rio de Janeiro e de outras rodovias na região central do país.

💰 Todo esse arsenal de negócios, no entanto, tem passado por uma série crise financeira, com uma dívida bruta que passa dos R$ 3 bilhões. Por isso, a empresa quer realizar uma reestruturação financeira, lançando mão de um pedido de recuperação judicial.

Nesta semana, a companhia convocou uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para o dia 12 de junho. É nesta data que os acionistas vão decidir se aceitam ou não que a empresa realize um pedido de RJ.

Segundo comunicado divulgado, o objetivo seria a “redução do endividamento, da reestruturação da estrutura de capital e do restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro”. “Essas ações beneficiam não apenas a companhia, mas também seus acionistas, colaboradores, credores e demais partes interessadas”, destacou a Invepar, diz a proposta.

De todo o montante em aberto, a maior parte é de débito de longo prazo, classificados entre empréstimos, financiamentos e debêntures. O foco da companhia é continuar operando ao mesmo tempo em que renegocia sua dívida bilionária.

Segundo a agência Bloomberg, a Invepar teria contratado o banco de investimentos BR Partners para reestruturação da dívida. Nenhuma das duas empresas quis comentar a apuração da reportagem.

Leia mais: Azul (AZUL4) pode entrar em recuperação judicial na próxima semana, diz jornal

Rebaixada

Nesta semana, a agência de classificação de risco S&P Global rebaixou o rating global da Invepar de “CC” para “D”, um dos menores níveis possíveis. As empresas classificadas nesta categoria estão passíveis de um calote.

A decisão foi divulgada depois que a Justiça do Rio de Janeiro concedeu liminar que antecede os efeitos de uma eventual recuperação judicial. Para os analistas, mesmo que não seja uma RJ de fato, no final, a decisão suspende o pagamento de dívidas.

“Embora a medida cautelar seja uma proteção extrajudicial, entendemos que se trata essencialmente de uma suspensão de pagamento das dívidas (standstill), o que consideramos equivalente a um default”, escreveu a S&P Global.

Venda do VLT do Rio

🚈 No último mês de março, a CCR assumiu a operação do VLT do Rio de Janeiro, depois de adquirir quase a totalidade do capital social da concessionária que administra o transporte. Embora o valor final não tenha sido divulgado, o preço original de 2024 foi fixado em R$ 97 milhões.

O fato relevante divulgado pela Invepar diz que a CCR comprou a participação de 4,72% que a empresa tinha no VLT. A venda estaria de acordo com o novo objetivo da companhia que é a otimização do portfólio com foco na geração de valor aos acionistas.