Ambev (ABEV3) destrava dividendos adicionais em 2025 e agenda JCP para 2026
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Grande parte das empresas listadas na bolsa de valores brasileira está correndo contra o tempo para liberar o maior volume de dividendos possível. Isso tem um motivo: a nova regra que tributa em 10% os pagamentos mensais que superem a casa de R$ 50 mil a partir de janeiro do próximo ano.
Desta forma, mais de R$ 65 bilhões já foram liberados pelas companhias da B3, mas a lista ainda deve seguir até o fim deste mês. Segundo o JP Morgan, uma das candidatas a liberar novos proventos é a Ambev (ABEV3), que deve distribuir dividendos extraordinários aos seus acionistas.
O banco não faz uma aposta exata sobre o valor a ser anunciado, mas entende que a empresa tem condições de pagar algum provento sem acumular dívidas ou ver impacto em seu EVA (Valor Econômico Adicionado). No entanto, também descarta que o eventual pagamento seja vultoso, considerando o atual patamar dos juros no Brasil.
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“Nossa opinião é que um grande pagamento é improvável, pois não gera muito valor, dado o alto custo atual da dívida. Se algo for anunciado, provavelmente acontecerá esta semana, já que historicamente a empresa discute esse assunto em sua reunião de diretoria de meados de dezembro (normalmente de 10 a 12 de dezembro)”, diz relatório do banco americano.
As impressões do JP foram tiradas durante a Brazil Opportunities, um evento que reúne investidores de diversos segmentos que têm espaço para conversas com as empresas sobre diferentes assuntos. Entre eles, o sentimento era de quase certeza da liberação do provento adicional pela Ambev, o que ainda não foi confirmado pela companhia.
“Os números que ouvimos variam de rendimentos de dividendos extraordinários pagos, o que implica em R$ 5 a R$ 10 bilhões. Na visão da maioria dos investidores com quem conversamos, essa expectativa foi o que motivou o bom desempenho das ações no início de dezembro”, diz o banco de investimentos.
O último dividendo liberado pela Ambev foi em agosto deste ano, quando foram pagos R$ 0,1283 por ação ordinária. Com isso, o dividend yield da companhia é de 7,72% em 2025, já acima do praticado no ano passado, quando somou 5,69%, conforme dados do Investidor 10.
Outro banco de investimentos também avaliou os números da empresa de bebidas e destacou que deveriam ser distribuídos dividendos bilionários. Segundo o BTG Pactual, a Ambev tem motivos de sobra para fazer novos pagamentos, especialmente agora com a tributação dos proventos.
Para os analistas, a companhia deve terminar o ano com uma alavancagem de 0,7x EBITDA, o que é um número já favorável. Assim, caso a companhia decida liberar R$ 34 bilhões, a alavancagem chegaria a um nível de 0,5x dívida líquida/EBITDA.
“Mesmo que o aumento do valor intrínseco seja modesto, tal pagamento teria um valor simbólico importante, ajudando a melhorar o sentimento dos acionistas minoritários em relação à empresa”, diz o relatório.
Os analistas destacam, ainda, que a marca de Beto Sicupira tem uma estrutura de capital ineficiente e que, por isso, deve buscar maneiras de entregar melhor retorno aos acionistas. Além de um eventual payout, a empresa deveria fazer aquisições no mercado.
“Em tese, a mera perspectiva de que a Ambev possa buscar uma estrutura de capital mais razoável justificaria um re-rating. Mas permanecemos com recomendação neutra até termos uma noção melhor do que pode acontecer”, escreveram os analistas.
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Ação ocorre em meio a mudanças do Banco Central após denúncias de movimentações ilegais.