CEO da Suzano (SUZB3) diz que não apostaria contra a China e vê queda nos preços

Durante o 11º Annual Brazil Investment Forum, o CEO da Suzano, João Alberto Abreu, trouxe à tona as preocupações que pairam sobre o setor.

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Publicado em 08/04/2025 às 15:50h - Atualizado 4 dias atrás Publicado em 08/04/2025 às 15:50h Atualizado 4 dias atrás por Matheus Silva
Segundo ele, o ritmo acelerado dos reajustes de preço observado no início do ano perdeu força (Imagem: Shutterstock)

🚨 A combinação entre guerra comercial e incertezas econômicas está virando um teste de resistência para a indústria global de celulose — e a Suzano (SUZB3), uma das maiores produtoras do mundo, já sente os reflexos.

Apesar disso, a companhia adota um discurso de cautela estratégica, mas confiante em sua robustez operacional.

Durante o 11º Annual Brazil Investment Forum, organizado pelo Bradesco BBI em São Paulo, o CEO da Suzano, João Alberto Abreu, trouxe à tona as preocupações que pairam sobre o setor.

Segundo ele, o ritmo acelerado dos reajustes de preço observado no início do ano perdeu força.

“No curtíssimo prazo é normal que haja uma certa desaceleração nas negociações, até cada um ver o que vai acontecer”, comentou o executivo, em referência ao novo contexto de incerteza gerado pelas tensões comerciais globais.

Pressão nos preços e a força da Suzano

Depois de três elevações consecutivas no preço da celulose, a empresa reconhece que a continuidade desses aumentos pode enfrentar resistência. Porém, Abreu enxerga a Suzano em posição de vantagem.

“Eu vejo a Suzano em uma posição privilegiada. Em uma situação de maior tensão, temos uma posição competitiva robusta”, destacou.

Essa robustez está ancorada, entre outros fatores, na presença global da companhia. A China representa hoje cerca de 40% da exposição da Suzano, com Estados Unidos e Europa respondendo por aproximadamente 20% cada.

Esse posicionamento geográfico diversificado é visto como um amortecedor diante de possíveis choques regionais.

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China no radar

A relação com o mercado chinês, por sinal, está longe de ser apenas comercial. A Suzano estuda formas de maior integração com o país asiático, inclusive por meio de operações financeiras.

Segundo Abreu, o custo de capital em moeda chinesa pode ser uma alternativa interessante — e a empresa já avalia a possibilidade de transferir parte da dívida para o yuan.

Eu não apostaria contra a China. Eles têm um plano de crescimento, de crescer 5% e acredito que possuem muitas ferramentas para continuar buscando esse crescimento”, afirmou o CEO.

Além disso, potenciais novos pacotes de estímulo ao consumo por parte do governo chinês estão no radar como oportunidades indiretas para o setor de celulose.

Recessão global, demanda e o papel da fibra curta

Mas nem só de oportunidades vive o cenário atual. O chamado “tarifaço” promovido pela gestão Trump ainda reverbera — e colocou a Suzano entre as empresas brasileiras que mais perderam valor de mercado, com uma retração de R$ 3,6 bilhões.

Para Abreu, a principal preocupação agora é uma eventual recessão global. "Há previsões de retração de 1% e isso reduz a demanda de todos os mercados. Precisamos olhar para o impacto nos nossos clientes, principalmente chineses e europeus", alertou.

Nesse contexto, a empresa adota uma estratégia mais cautelosa quanto à alocação de capital. Um dos focos, segundo o CEO, está em compreender a fundo o balanço entre oferta e demanda para ajustar os próximos movimentos da companhia.

No médio e longo prazo, porém, a aposta é clara: a celulose de fibra curta tende a crescer mais rápido do que a de fibra longa.

📊 “Eu vejo a fibra longa de alguns mercados fora do Brasil atuando mais em nichos e isso abre oportunidades para a fibra curta”, observou.