CDB do Pleno (ex-Master) acelera para 165% do CDI e chama atenção; vale o risco?

Conheça os fatores que levaram ao prêmio elevado e se o investimento ainda compensa.

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Publicado em 26/11/2025 às 14:00h - Atualizado 2 minutos atrás Publicado em 26/11/2025 às 14:00h Atualizado 2 minutos atrás por Wesley Santana
Pleno operava como Voiter, mas mudou de nome em setembro deste ano (Imagem: Divulgação)
Pleno operava como Voiter, mas mudou de nome em setembro deste ano (Imagem: Divulgação)

O banco Pleno, que antes fez parte do conglomerado do Master, tem visto seus títulos atingirem níveis de remuneração recordes nos últimos dias. Depois que o Banco Central liquidou o seu ex-controlador, os investidores saíram ao mercado secundário para vender os papéis de renda fixa que tinham na carteira.

Segundo as principais plataformas de negociação de ativos, há alguns CDBs (Certificados de Depósito Bancário) que chegaram a ser negociados por 165% do CDI. Isso representa quase 24% ao ano, um valor muito acima do que qualquer banco tradicionalmente paga.

No fechamento desta reportagem, as remunerações desaceleraram, mas os ativos continuam em um patamar considerado alto. É possível encontrar CDBs pagando até 130% do CDI, equivalente a quase 20% ao ano.

Leia mais: Teto do reembolso vai cair? Após Banco Master, FGC sugere reformulação do sistema

Os títulos que circulam no mercado foram emitidos entre 2023 e 2024, com taxas de até 114% do CDI. Toda a diferença é paga por quem negocia esses contratos no mercado secundário, na tentativa de fugir dos riscos que a operação mostra neste momento.

O banco Pleno anteriormente era conhecido como Voiter, que foi comprado pelo Master. O nome foi alterado em setembro deste ano, quando as operações foram separadas; portanto, o novo banco está fora da liquidação extrajudicial decretada pelo BC.

Por que as taxas altas?

A alta das taxas reflete a busca dos investidores por vender os títulos antes de uma eventual liquidação também do Pleno. Ou seja, é como se os detentores estivessem pagando uma remuneração a mais para quem quiser obter o risco de manter os ativos na carteira.

O plano de fundo está em todos os riscos que envolvem a operação, começando pelo teto do limite de ressarcimento do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Atualmente, apenas os aportes de até R$ 250 mil estão cobertos, então os investidores que têm um valor acima desse na carteira podem não receber nenhum reembolso caso o emissor seja liquidado.

Além disso, também traz o fato de que Augusto Lima, atual dono do Banco Pleno, foi preso pela Polícia Federal na mesma operação em que Daniel Vorcaro, presidente do Master, foi levado pelos agentes. Ele também é investigado por fraudes envolvendo carteira de crédito.

Por meio de nota, o Pleno diz que não tem mais nenhum vínculo com o Master e que não é alvo da operação Compliance Zero. A instituição também destacou que está autorizada a funcionar de forma independente desde agosto de 2025.

“Como instituição financeira regulada, o Banco Pleno atua estritamente em conformidade com as normas do Sistema Financeiro Nacional, e sua trajetória comprova a solidez e a governança, com controles internos robustos e práticas rigorosas de prevenção à lavagem de dinheiro”, diz a nota.

Vale o risco?

Cada investidor tem a responsabilidade de cuidar da sua carteira, entendendo quais são os melhores investimentos dentro da estratégia. Obviamente, altos retornos enchem os olhos, mas é preciso considerar todos os riscos que envolvem a operação.

O padrão do mercado de renda fixa é oferecer taxas bastante parecidas, mas que sejam competitivas ao ponto de entregar uma valorização acima da inflação aos investidores. Em entrevista ao Estadão, o consultor sênior da Zero Markets Brasil, Otávio Araujo, destaca que, quando a remuneração ultrapassa a curva padrão, esse é um sinal de que os riscos da operação são superiores.

“Em finanças, costumamos dizer que rentabilidade exorbitante quase sempre é o primeiro sinal de risco elevado, pois, quando um banco está disposto a pagar caro para captar, isso reflete urgência e fragilidade na estrutura de confiança institucional”, pontua.

É importante destacar, porém, que no caso do CDB, a cobertura do FGC garante o reembolso de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ. Desta forma, no caso de uma liquidação extrajudicial também do Pleno, os investidores teriam seus recursos devolvidos na soma do valor original e do rendimento.