CBF cria “fair play financeiro” e vai limitar gastos dos clubes a partir de 2026

Batizado de Sistema de Sustentabilidade Financeira do Futebol Brasileiro, o projeto entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026.

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Publicado em 26/11/2025 às 20:09h - Atualizado 7 horas atrás Publicado em 26/11/2025 às 20:09h Atualizado 7 horas atrás por Matheus Silva
O novo sistema estabelece regras rígidas de controle de gastos (Imagem: Shutterstock)
O novo sistema estabelece regras rígidas de controle de gastos (Imagem: Shutterstock)

🚨 A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apresentou nesta quarta-feira (26), em São Paulo, um conjunto de medidas que promete mudar a forma como os clubes de futebol lidam com suas finanças.

Batizado de Sistema de Sustentabilidade Financeira do Futebol Brasileiro, o projeto entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026 e valerá para os times das Séries A e B do Campeonato Brasileiro.

Inspirado em modelos internacionais de fair play financeiro, o novo sistema estabelece regras rígidas de controle de gastos, metas fiscais e sanções para quem descumprir as diretrizes.

A ideia é promover maior transparência, equilíbrio operacional e uma gestão mais sustentável no futebol nacional.

Fiscalização e controle de dívidas

A fiscalização será feita pela ANRESF, uma nova agência reguladora, autônoma, criada exclusivamente para acompanhar a aplicação das normas. Caberá a ela verificar o cumprimento das regras e aplicar penalidades em casos de descumprimento.

Um dos pilares centrais do sistema será o controle de dívidas em atraso. A partir de 2026, todas as transações, incluindo salários, direitos de imagem e transferências, precisarão ser registradas em um sistema centralizado da CBF.

A verificação será trimestral, e qualquer inadimplência poderá ser denunciada diretamente à agência.

Dívidas assumidas a partir da data de início já estarão sob o novo regime, enquanto os débitos antigos passarão a ser fiscalizados a partir do fim de 2026.

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Equilíbrio fiscal e limite de déficits

Outro ponto importante é a exigência de equilíbrio operacional. Os clubes precisarão apresentar superávit ou cobrir eventuais prejuízos com aportes ao patrimônio líquido.

Será permitido um déficit progressivo e limitado nos primeiros anos, conforme a divisão:

  • Série A: até R$ 30 milhões ou 2,5% das receitas;
  • Série B: até R$ 10 milhões ou 2,5% das receitas.

Gastos com categorias de base, infraestrutura e futebol feminino não serão considerados nesse cálculo, como forma de incentivar esses investimentos.

A obrigatoriedade do cumprimento integral das metas começará em 2028, com um período inicial apenas de advertência.

Teto para folha salarial e metas de endividamento

Um dos elementos mais aguardados do pacote é o teto de gastos com elenco profissional.

A partir de 2028, clubes da Série A só poderão comprometer até 80% de suas receitas (incluindo transferências e aportes) com salários, direitos de imagem e amortizações.

Em 2029, esse teto será reduzido para 70%. A Série B seguirá um modelo proporcional semelhante.

Também foram definidas metas graduais para o endividamento. Até 2030, a dívida de curto prazo não poderá ultrapassar 45% das receitas consideradas relevantes.

Medidas para insolvência e restrições à multipropriedade

O regulamento inclui regras específicas para clubes em situação de recuperação financeira. Nestes casos, será necessário manter a folha salarial estável e só será permitida a contratação de novos atletas com base nos valores arrecadados com vendas de jogadores.

Além disso, o novo sistema proíbe que um mesmo investidor tenha influência relevante em dois clubes que disputem a mesma competição, buscando evitar conflitos de interesse por meio da multipropriedade.

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Punições previstas vão de multas a rebaixamento

O descumprimento das novas regras poderá gerar uma série de punições escalonadas, como:

  • Advertências;
  • Multas;
  • Retenção de receitas;
  • Transfer ban (proibição de registrar atletas);
  • Perda de pontos;
  • Rebaixamento;
  • Cassação da licença de competição.
  • Dirigentes também poderão ser suspensos ou banidos, especialmente em casos mais graves ou de reincidência.

Com o novo pacote, a CBF sinaliza um esforço para profissionalizar a gestão dos clubes e reduzir o desequilíbrio financeiro que há anos compromete a saúde do futebol brasileiro.