Caixa eleva juros para financiamento de imóveis por “falta de dinheiro”

A medida reflete o impacto das recentes elevações na taxa Selic e as crescentes dificuldades de captação na poupança.

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Publicado em 07/01/2025 às 20:32h - Atualizado 6 horas atrás Publicado em 07/01/2025 às 20:32h Atualizado 6 horas atrás por Matheus Rodrigues
A Caixa justificou o aumento com base em análises de mercado e conjunturas econômicas (Imagem: Shutterstock)

💲 A Caixa Econômica Federal, maior operadora de financiamentos imobiliários do Brasil, anunciou nesta terça-feira (07), um reajuste significativo nas taxas de juros para novos contratos com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).

A medida, válida desde 2 de janeiro, reflete o impacto das recentes elevações na taxa Selic e as crescentes dificuldades de captação na caderneta de poupança, que enfrenta saques líquidos consecutivos.

Os juros das linhas corrigidas pela Taxa Referencial (TR) agora variam entre TR + 10,99% e 12% ao ano, representando um aumento de 2 pontos percentuais em comparação com as taxas praticadas até dezembro de 2024.

Já os financiamentos indexados à remuneração da poupança subiram para caderneta + 4,12% a 5,06% ao ano, também registrando alta considerável.

A Caixa justificou o aumento com base em análises de mercado e conjunturas econômicas.

“As condições de crédito refletem fatores mercadológicos e prudenciais, ajustados às regras vigentes”, informou o banco por meio de nota oficial.

Impacto para a classe média

As mudanças afetam diretamente os financiamentos imobiliários voltados à classe média, que utilizam recursos do SBPE.

Contudo, as linhas do programa social Minha Casa Minha Vida, destinadas a famílias de baixa renda e imóveis de até R$ 350 mil, permaneceram isentas de alterações nos juros.

Além disso, o banco promoveu ajustes adicionais no segmento. Desde novembro, passou a exigir uma entrada maior nos financiamentos, elevando o percentual mínimo de 20% para 30%, e introduziu modalidades vinculadas ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), cuja rentabilidade está diretamente atrelada à Selic.

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Fatores que motivaram a decisão

O aumento das taxas de juros reflete dois desafios principais enfrentados pelo mercado imobiliário:

  • Alta da taxa Selic: Desde setembro, o Banco Central elevou a Selic de 10,5% para 12,25% ao ano, pressionando o custo do crédito em geral.
  • Falta de recursos na poupança: O volume de saques líquidos na poupança alcançou R$ 6,3 bilhões em outubro, marcando o quarto mês consecutivo de retiradas superiores aos depósitos. Essa tendência compromete a disponibilidade de recursos para financiamentos habitacionais.

Cenário de restrições e concorrência

O cenário desafiador é agravado pela competição entre bancos. Enquanto instituições privadas também ajustam suas condições, a demanda pelas linhas da Caixa aumenta, pressionando ainda mais sua capacidade de oferta.

A introdução de restrições para Letras de Crédito Imobiliário (LCI) no início de 2024 adiciona complexidade à equação, limitando uma importante fonte de captação de recursos para o setor.

Os ajustes da Caixa são os mais recentes em uma série de mudanças que têm transformado o panorama do crédito habitacional no Brasil.

Com a manutenção de juros elevados e restrições de captação, compradores e investidores devem enfrentar um cenário de custos mais altos e condições de crédito mais rigorosas.

📊 Especialistas alertam que essas alterações podem desacelerar o mercado imobiliário, especialmente no segmento de médio e alto padrão, enquanto programas sociais como o Minha Casa Minha Vida continuam desempenhando um papel fundamental no acesso à moradia para famílias de baixa renda.