Caixa afasta ‘desconfiança’ e projeta R$ 1 trilhão em crédito imobiliário

“A habitação continua sendo e será durante muito tempo, certamente, a nossa grande alavanca”, afirmou o presidente do banco.

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Publicado em 27/11/2025 às 17:49h - Atualizado 11 horas atrás Publicado em 27/11/2025 às 17:49h Atualizado 11 horas atrás por Matheus Silva
O índice de inadimplência acima de 90 dias atingiu 3,01% no 3T25 (Imagem: Shutterstock)
O índice de inadimplência acima de 90 dias atingiu 3,01% no 3T25 (Imagem: Shutterstock)

🚨 Após divulgar um lucro líquido recorrente de R$ 3,8 bilhões no terceiro trimestre de 2025, alta de 15,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, a Caixa Econômica Federal reforçou seu otimismo com o mercado de crédito imobiliário e afirmou estar confortável com o nível de inadimplência da carteira.

Durante coletiva realizada nesta quinta-feira (27), executivos da instituição detalharam os efeitos das mudanças regulatórias recentes no crédito habitacional, além das estratégias adotadas para mitigar riscos em segmentos como agronegócio e pessoa jurídica.

“A habitação continua sendo e será durante muito tempo, certamente, a nossa grande alavanca”, afirmou o presidente do banco, Carlos Vieira. Segundo ele, as novas regras oferecem base para o banco projetar até R$ 1 trilhão em crédito imobiliário nos próximos dez anos.

Novas regras ampliam potencial do crédito habitacional

As mudanças recentes nas normas do setor devem ampliar a disponibilidade de recursos para financiamento habitacional, com destaque para:

  • Flexibilização gradual do direcionamento obrigatório dos depósitos de poupança para crédito imobiliário;
  • Redução da parcela compulsória recolhida ao Banco Central;
  • Aprovação do uso do FGTS para pagamentos de contratos firmados entre 2021 e 2025, incluindo imóveis de até R$ 2,25 milhões, permitindo amortização ou abatimento de parcelas.

Inadimplência sobe, mas gestão vê cenário controlado

O índice de inadimplência acima de 90 dias atingiu 3,01% no 3T25, ante 2,27% um ano antes. Apesar da alta, os executivos se mostraram tranquilos:

  • Crédito imobiliário: inadimplência em 1,3%;
  • Pessoa física: subiu para 6,25%;
  • Pessoa jurídica: chegou a 12,50%;
  • Agronegócio: aumentou para 11,20%.

A provisão para créditos de liquidação duvidosa somou R$ 5,07 bilhões, crescendo 64,5% em doze meses, principalmente por conta da adaptação à Resolução 4.966, que alterou a forma de provisionamento baseado em perdas esperadas.

“Estamos seguros quanto ao volume de provisões e não vemos problema estrutural na inadimplência”, afirmou Marcos Brasiliano, vice-presidente de Finanças da Caixa.

Segundo ele, não há crise de renda ou emprego, e o endividamento das famílias está mais ligado ao nível elevado de juros do que à capacidade de pagamento.

“Quando pensamos em 2026, vemos uma oportunidade com uma possível queda nas taxas de juros”, completou.

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Agronegócio passa por ajustes após crescimento acelerado

A carteira de crédito para o agronegócio totalizou R$ 61,8 bilhões no terceiro trimestre. A instituição reconheceu que o crescimento rápido da atuação no setor exigiu uma reavaliação de risco.

“Na relação em que houve quebra de confiança, a Caixa já começa a ser muito dura”, afirmou Carlos Vieira.

Segundo a vice-presidente de Riscos, Henriete Bernabé, a alta na inadimplência era esperada e já houve estabilização entre agosto e setembro, com perspectivas de boas renegociações no quarto trimestre.

📊 A executiva também minimizou os riscos na carteira de crédito para micro e pequenas empresas, que somou R$ 110,8 bilhões, explicando que os ajustes nos modelos de risco já elevaram a qualidade das novas safras