Banco do Brasil (BBAS3): Qual é o tamanho do desconto das ações na faixa de R$ 18?

Estatal perde R$ 7,7 bilhões em valor de mercado em um único pregão, o menor patamar desde janeiro de 2023.

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Publicado em 01/08/2025 às 20:52h - Atualizado 6 horas atrás Publicado em 01/08/2025 às 20:52h Atualizado 6 horas atrás por Lucas Simões
BBAS3 arrisca perder o suporte psicológico dos R$ 100 bilhões (Imagem: Shutterstock)

Não é segredo que muitos investidores pessoas físicas têm as ações do Banco do Brasil (BBAS3) em suas carteiras, inclusive como forma de garantir uma boa aposentadoria, dado o seu histórico consistente de dividendos. Só que nesta sexta-feira (1º de agosto), os papéis da estatal tiveram a maior queda diária desde janeiro de 2023.

O levantamento elaborado por Einar Rivero, CEO da Elos Ayta, aponta que a instituição financeira viu evaporar R$ 7,7 bilhões em seu valor de mercado em apenas um pregão, sendo que a capitalização terminou o dia em R$ 104,75 bilhões, ou cerca de R$ 18,35 por ação.

Dessa maneira, o banco retornou aos patamares que não eram vistos desde 16 de janeiro de 2023, quando o BBAS3 era avaliado em R$ 101,6 bilhões. Tudo isso após os papéis da companhia recuarem −6,85% neste início de mês.

"A magnitude da queda chama atenção não apenas pelo impacto financeiro imediato, mas também pelo contexto histórico. Essa foi uma das maiores desvalorizações diárias em termos absolutos desde o início do atual ciclo político e econômico, superando inclusive perdas observadas durante eventos macroeconômicos recentes", reforça o consultor financeiro.

Os dados da Elos Ayta também revelam que o pico do valor de mercado do Banco do Brasil foi atingido em 6 de fevereiro de 2024, quando a instituição era avaliada em R$ 170,08 bilhões. Desde então, a perda acumulada chega a impressionantes R$ 65,33 bilhões — um recuo de mais de 38% em menos de 18 meses.

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BBAS3 em tendência de queda

Com tanta gente comprada na tese do Banco do Brasil, é normal haver um sentimento de torcida seja para que o preço das ações logo volte a subir, apagando eventuais prejuízos não realizados nas carteiras de longo prazo, ou mesmo aqueles que torçam para que a cotação do BBAS3 fique mais em conta para aumentarem a posição na empresa.

Seja como for, o que o gráfico da ação do Banco do Brasil indica, até agora, é que há uma trajetória marcada por oscilações, com períodos de recuperação seguidos de correções.

"Após atingir o topo em fevereiro de 2024, o banco ainda tentou sustentar níveis elevados ao longo do primeiro semestre, mas não resistiu à deterioração do cenário macroeconômico em 2025", comenta o especialista Einar Rivero.

Por sua vez, a estatal adentrou a segunda metade de 2025 com uma trajetória de queda ainda mais intensificada, culminando na perda expressiva registrada em 1º de agosto.

Na visão do CEO da Elos Ayta, são pelos três os principais fatores que estão delineando as ações do Banco do Brasil a apanharem tanto na bolsa de valores no curto prazo:

  1. conjuntura política em Brasília (afinal, 50% das ações do BBAS3 estão nas mãos do governo brasileiro);
  2. elevação da taxa Selic a 15% ao ano (aumenta o risco de calote dos devedores, especialmente os clientes do agronegócio, cujo setor ainda se recupera de quebra da safra); e
  3. temores fiscais (o risco sistêmico que também impacta as outras empresas listadas na B3, caso as contas públicas estourem).

Sinal de alerta

Para Einar Rivero, o esgotamento das ações do Banco do Brasil nesta semana acende um sinal de alerta sobre a confiança do mercado em relação à instituição, e, em sentido mais amplo, ao setor bancário tradicional.

"O retorno ao nível de valor de mercado observado no início de 2023 mostra que o banco está, aos olhos do mercado, praticamente no ponto de partida após quase dois anos de volatilidade", conclui.

Segundo dados do Investidor10, se você tivesse investido R$ 1 mil em BBAS3 há 10 anos, hoje você teria R$ 2.916,60, já considerando o reinvestimento dos dividendos. A simulação também aponta que o Ibovespa teria retornado R$ 2.640,10 nas mesmas condições.