Renda fixa de 15% veio para ficar? Ata do Copom sinaliza Selic alta por muito tempo

BC prevê desaceleração gradual da economia, mas não descarta novos aumentos de juros.

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Publicado em 23/09/2025 às 10:52h - Atualizado 17 horas atrás Publicado em 23/09/2025 às 10:52h Atualizado 17 horas atrás por Wesley Santana
Selic é o indicador que acompanha a maior parte dos títulos públicos e privados (Imagem: Shutterstock)
Selic é o indicador que acompanha a maior parte dos títulos públicos e privados (Imagem: Shutterstock)

Na manhã desta terça-feira (23), o Banco Central divulgou a Ata do Copom, que reúne as informações discutidas pelos diretores na reunião realizada na semana passada. Na ocasião, o colegiado decidiu por manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano

Segundo a equipe monetária, esse patamar deve ser mantido por um longo período na tentativa de que a inflação convirja para a meta anual que é de 3%. Os diretores entendem que o modelo tem surtido efeito, começando pela desaceleração da economia, mas ainda precisa ser mantido. 

“A conjuntura de atividade econômica doméstica segue indicando certa moderação no crescimento. Tal conjuntura traz maior convicção de que o cenário delineado pelo Comitê está, até agora, se concretizando. Alguns dos elementos que se conjecturava que poderiam levar a uma discrepância em relação ao cenário delineado, tais como estímulos fiscais ou creditícios, não provocaram, até agora, divergências relevantes em relação ao que se esperava”, escreveram. 

“As leituras recentes de inflação mostram dinâmica mais benigna em relação ao que se previa no início do ano. Para além das variações dos itens, ou mesmo das oscilações de curto prazo, os núcleos de inflação têm se mantido acima do valor compatível com o atingimento da meta há meses, corroborando a interpretação de uma inflação pressionada pela demanda e que requer uma política monetária contracionista por um período bastante prolongado”, continuam. 

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Embora o BC tenha registrado o movimento dentro do esperado, admite que pode voltar a subir a taxa de juros caso alguns dos indicadores acompanhados mostre descompasso. A inflação anual tem um intervalo de 1,5% para mais ou menos, portanto, deve performar entre 1,5% e 4,5% no acumulado de 12 meses.

“Endossando o cenário esperado do Comitê até aqui, há uma moderação gradual da atividade em curso, certa diminuição da inflação corrente e alguma redução nas expectativas de inflação. No entanto, o Comitê seguirá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de alta se julgar apropriado. Reafirmou-se o firme compromisso com o mandato do Banco Central de levar a inflação à meta”, comentaram eles. 

A decisão de manter a Selic em 15% foi votada de forma unânime pelos componentes do Copom, entidade que é formada por diretores da autarquia. O presidente Gabriel Galípolo acompanhou seus pares na decisão, conforme mostra o relatório. 

“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, finalizam. 

A Selic é um dos principais instrumentos financeiros do país, responsável por servir como base para outros juros da economia. Além disso, a maior parte dos investimentos de renda fixa estão atrelados a esse percentual, o que indica uma manutenção dos títulos públicos e privados pagando mais de 1% ao mês nos próximos trimestres.

Projeções futuras para o IPCA

A Ata do Copom também trouxe as projeções do órgão para inflação deste e dos próximos anos. Em 2025, o cálculo do BC enxerga um IPCA de 4,8% no acumulado do ano, o que estaria acima da margem superior definida. 

Já para 2026, os diretores projetam uma alta de 3,6% nos preços, já resultado do patamar alto dos juros pelos próximos meses. Neste caso, a inflação converjiria para dentro da meta no primeiro trimestre de 2027, quando chegaria a 3,4% considerando o acumulado dos 12 meses anteriores. 

“O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, dizem.