Turismo é bom, mas há cidades que não aguentam mais

Movimento tem estrangeiros tem aumentado custo de vida local

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Publicado em 17/06/2024 às 13:31h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 17/06/2024 às 13:31h Atualizado 3 meses atrás por Wesley Santana
Protesto nas Ilha Canárias em abril de 2024. Foto: Shutterstock

✈️ Segundo dados da Organização Mundial do Turismo, 1,3 bilhão de pessoas viajaram para fora de seus países no ano passado. Esse número revela uma retomada quase completa em relação aos níveis pré-pandemia, porcentagem que deve ser batida no resultado de 2024, conforme projeções do órgão.

Embora essa seja uma notícia muito positivo para o setor de turismo, que entre 2020 e 2022 sofreu um duro golpe, há cidades que querem ficar no passado. É o caso da Ilha de Maiorca, na Espanha, que viu o valor dos aluguéis dispararem desde 2023.

Segundo a BBC News, por lá, os moradores já declararam que não podem mais morar em suas próprias cidades. Há um chef de cozinha, por exemplo, que decidiu viver em seu próprio automóvel por não ter condições de pagar um aluguel mensal.

O mesmo acontece nas Ilhas Canárias, também na Espanha, onde o setor de turismo representa 35% do PIB (Produto Interno Bruto) e quase metade dos postos de emprego. Apesar disso, o arquipélago tem um dos menores salários do país, então muitos dos moradores se viram obrigados a mudarem para outros lugares, inclusive os próprios trabalhadores.

"O número real de imóveis disponíveis caiu muito e o preço subiu exponencialmente. E isso fez com que, infelizmente, encontrar um lugar para morar se tornasse muito, muito caro”, apontou Chris Elkington, editor do jornal local The Canarian Weekly, à reportagem britânica.

Já em Veneza, uma das cidades mais visitadas da Itália, tombada como Patrimônio Mundial pela Unesco, os ativistas chegam a bloquear os navios que desembarcar milhares de turistas todos os dias. Houve quase um êxito em massa, se comparados os números de habitantes locais entre 1970 e 2020, que caiu de 150 mil para 50 mil.

"Conheço muitas pessoas que, mesmo com dinheiro, mesmo com renda, não conseguem encontrar moradia", conta Marta Sottoriva, professora escolar. "Chegamos a uma situação em que existem mais camas para turistas do que para os moradores locais”.

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China e Índia impactam

Até meados de 2000, os turistas oriundos da China, então país mais populoso do mundo, eram os que mais movimentavam o turismo global. Depois disso, no entanto, a Índia entrou no páreo, passando a transportar também milhões de turistas anualmente para o Oriente e Ocidente, sobretudo para a Europa.

No ano passado, foram 27 milhões de indianos viajando pelo mundo, mas a expectativa é que ainda nesta década esse número chegue a incríveis 70 milhões. Parte dessa projeção está amparada, por exemplo, nas encomendas que as companhias aéreas indianas fazem às fabricantes de aviões.

A Índia é um dos países mais desiguais do mundo, onde quase metade da população vive abaixo da linha da pobreza, segundo dados do Banco Mundial. No entanto, em razão de ter uma população gigantesca (1,4 bilhão), é necessário que apenas uma parte pequena dela viaje para movimentar o turismo. Além disso, o país ostenta quase 500 bilionários e mais de um milhão de milionários

Medidas para combater o excesso de turistas

Recentemente, a prefeitura de Veneza passou a cobrar 5 euros (cerca de R$ 28 reais) para turistas que queiram entrar na cidade. Atrelado a isso, e também por causa da inflação, muitas das atrações famosas estão aumentando o preço dos ingressos para turistas.

Os órgãos públicos também trabalham para incentivar que as pessoas viajem a esses lugares em outros períodos do ano, na tentativa de diminuir o fluxo de pessoas nos meses de férias. Há, ainda, quem discuta a chamada “dispersão”, fazendo com que os potenciais turistas escolham destinos alternativos, que sejam parecidos, mas menos disputados.