Selic fica em 15% até quando? Veja análise do mercado, após tom duro do Copom

Copom voltou a dizer que juros seguirão altos por "período bastante prolongado".

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Publicado em 06/11/2025 às 10:49h - Atualizado 5 minutos atrás Publicado em 06/11/2025 às 10:49h Atualizado 5 minutos atrás por Marina Barbosa
Copom manteve Selic em 15% ao ano nessa quarta-feira (Imagem: Shutterstock)
Copom manteve Selic em 15% ao ano nessa quarta-feira (Imagem: Shutterstock)

taxa Selic ainda deve ficar em 15% por algum tempo. Ao menos, foi o que indicou o Copom (Comitê de Política Monetário) nesta quarta-feira (5).

🏦 O Copom manteve os juros inalterados, como esperado. Contudo, surpreendeu parte do mercado ao sustentar um tom duro, sugerindo que não deve cortar os juros no curto prazo.

Apesar de reconhecer uma melhora na dinâmica inflacionária, o Copom reforçou o discurso de que é preciso manter os juros altos por um "período bastante prolongado" para assegurar o retorno da inflação à meta.

"O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho", argumentou, concluindo que ainda é preciso manter a cautela na condução da política monetária.

A avaliação do mercado

Para o mercado, o recado foi claro: a Selic só deve começar a cair em 2026 e o primeiro corte pode não ser em janeiro, ficando apenas para março.

"O Banco Central optou por reforçar a mensagem de vigilância e prudência, reconhecendo os avanços no combate à inflação, mas sem abrir espaço, por ora, para uma flexibilização da política monetária", comentou o economista-chefe da Nomos, Beto Saadia.

📅 Vale lembrar que, até pouco tempo atrás, alguns analistas acreditavam que os juros poderiam começar a cair já na próxima reunião do Copom, em dezembro de 2025. Essa aposta já vinha perdendo força e passando para janeiro de 2026. Mas, agora, pode passar para março de 2026.

"Em dezembro, é muito improvável. E janeiro também fica um pouco mais improvável depois da manutenção do 'período bastante prolongado' no comunicado do Copom", disse o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz. "O tom do comunicado tende a postergar esse movimento", reforçou Saadia.

Segundo os analistas, entre os fatores que sustentam essa postura mais cautelosa estão o setor de serviços ainda aquecido, o impulso fiscal elevado e a força do mercado de trabalho. Além disso, esta seria uma forma de o Copom ajudar a levar as expectativas de inflação de volta à meta.

A meta de inflação perseguida pelo BC é de 3% ao ano, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. O mercado, contudo, espera que a inflação suba 4,55% em 2025, 4,20% em 2026 e 3,80% em 2017, segundo o Boletim Focus.

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Janeiro ou março?

A XP Investimentos acredita que "as próximas leituras de inflação e atividade deverão convencer o Copom de que a política monetária restritiva está surtindo efeito. Assim, em 2026, não será necessário manter o mesmo grau de aperto vigente em 2025".

A casa acredita que os juros começarão a cair em março de 2026, chegando a 12% no final do próximo ano, após seis cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual. 

Já a Monte Bravo Investimentos acredita que um recuo da inflação ainda pode levar o Copom a rever esse plano de voo e começar a cortar os juros já em janeiro de 2026.

A casa, no entanto, reconheceu que, no comunicado desta quarta-feira (5), o " Copom — ao contrário do que esperávamos — sinalizou a continuidade da postura contracionista por um tempo mais longo".