Proposta de ceder Cemig (CMIG3) para União pode ter custo de R$ 16,2 bilhões

Governo de Minas que vender companhia como pagamento de dívidas à União

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Publicado em 20/05/2025 às 14:30h - Atualizado 1 minuto atrás Publicado em 20/05/2025 às 14:30h Atualizado 1 minuto atrás por Wesley Santana
Cemig é uma estatal de eletricidade do governo de Minas Gerais (Imagem: Shutterstock)

O estado de Minas Gerais discute a federalização da Cemig (CMIG4) em troca das dívidas que mantém com a União. Embora a proposta possa parecer tentadora, a estimativa é que o negócio possa custar até R$ 16,2 bilhões para o governo federal.

💡 Segundo informações da Folha de São Paulo, o valor está relacionado à regra que obriga uma oferta da União para acionistas minoritários da companhia, no equivalente a 80% do valor pago por cada ação ordinária. Isto é, considerando que o governo mineiro detém quase 51% do capital social da companhia, o valor hoje seria de R$ 7,2 bi, que, multiplicado por dois, sairia R$ 14,4 bi.

No entanto, a equipe do governador Romeu Zema (Novo) entende que, no âmbito da transação, a Cemig deve ser avaliada com um valor maior do que é negociada. Isso se justificaria no fato de que a proposta de federalização não agradou os investidores que fizeram as ações da companhia caírem mais de 20% apenas no dia do anúncio.

“Eu não posso ser penalizado porque as pessoas não querem ser sócias do governo federal", disse o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo). "Eu quero uma cotação que considere o valor da empresa em seu ponto máximo. Além disso, o controle vale mais do que a ação livre, obviamente", completou.

A conta final, dos R$ 16,2 bilhões, seria amparada no valor das ações no dia em que o anúncio da possibilidade de federalização foi feito. Ainda assim, para os acionistas a proposta só seria suficiente se houvesse o pagamento de um ágio, como acontece na maior parte das OPA (Oferta Públicas de Aquisição).

"Normalmente quando a compra é feita no mercado, ou seja, através da aquisição das ações controladoras na Bolsa, o comprador paga um ágio de 20% a 30% para estimular o controlador a vender suas ações. Agora, quando se trata da entrega de ações para pagamento de uma dívida, como é o caso, não há negociação", disse Luiz Humberto Fernandes, vice-presidente da Cemig entre 2017 e 2019, em entrevista à reportagem.

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Com a entrega da Cemig, o governo de Minas quer participar do Propag (Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados) que prevê a redução em até dois pontos percentuais de juros na dívida dos estados com a União. Para alcançar este resultado, o governo mineiro precisaria entregar cerca de R$ 35 bilhões em ativos para o governo federal, que ainda teria que aceitar as propostas.
Além da Cemig, a lista de Minas ainda conta com a recursos da Copasa, que já foi privatizada, securitização da dívida ativa, créditos da lei Kandir e imóveis que somam mais de US$ 2 bilhões.
Nesta terça-feira (20), as ações da Cemig são negociadas perto de R$ 10,70 na bolsa de valores. O ticker acumula uma baixa de 3,9% desde o começo do ano, ainda de acordo com a B3.