Por que o ouro está subindo? Metal atinge novo recorde com crise EUA-China

O metal precioso, conhecido como “porto seguro” em tempos de incerteza, acumula agora alta de 56% em 2025.

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Publicado em 13/10/2025 às 19:53h - Atualizado 7 horas atrás Publicado em 13/10/2025 às 19:53h Atualizado 7 horas atrás por Matheus Silva
Às 19h45 (horário de Brasília), o ouro à vista avançava 2,4%, cotado a US$ 4.128,70 por onça (Imagem: Shutterstock)
Às 19h45 (horário de Brasília), o ouro à vista avançava 2,4%, cotado a US$ 4.128,70 por onça (Imagem: Shutterstock)

🚨 O ouro superou pela primeira vez a marca de US$ 4.100 por onça nesta segunda-feira (13), impulsionado por uma combinação poderosa de fatores geopolíticos e econômicos.

O movimento de alta ocorre em meio à retomada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, somado ao aumento das apostas de cortes de juros pelo Fed (Federal Reserve). 

O metal precioso, conhecido como “porto seguro” em tempos de incerteza, acumula agora alta de 56% em 2025.

Às 19h45 (horário de Brasília), o ouro à vista avançava 2,4%, cotado a US$ 4.128,70 por onça, após alcançar um pico intradiário de US$ 4.116,77. Já os contratos futuros de ouro nos EUA, com vencimento em dezembro, subiam 3,3%, para US$ 4.133,90.

A prata também acompanhou o movimento e rompeu o patamar de US$ 52, atingindo US$ 52,07 antes de recuar para US$ 51,82 — alta de 3,1%.

Por que o ouro está subindo tanto?

O movimento de valorização acelerada do ouro tem quatro grandes pilares, segundo analistas:

1. Tensões geopolíticas crescentes

O presidente dos EUA, Donald Trump, reacendeu o conflito comercial com a China ao anunciar na última sexta-feira (10) novas tarifas sobre produtos chineses, pondo fim à trégua entre as duas maiores economias do mundo.

A medida provocou um efeito dominó nos mercados, aumentando a aversão ao risco e impulsionando a busca por ativos defensivos — como ouro e prata.

2. Expectativas firmes de corte de juros nos EUA

Investidores agora precificam 97% de chance de corte de 25 pontos-base na taxa do Fed já em outubro, além de certeza de novo corte em dezembro.

O cenário de juros mais baixos nos Estados Unidos reduz o custo de oportunidade de ativos que não rendem juros — como o ouro — e, portanto, torna o metal mais atrativo.

“O ouro pode facilmente continuar sua trajetória ascendente. Podemos ver preços acima de US$ 5.000 até o fim de 2026”, afirmou Phillip Streible, estrategista-chefe da Blue Line Futures.

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3. Compras robustas de bancos centrais

Vários bancos centrais ao redor do mundo estão acumulando ouro em suas reservas, como forma de diversificação frente à instabilidade cambial e à dominância do dólar. Esse fluxo institucional tem garantido suporte estrutural à tendência de alta do metal.

4. Entradas firmes em ETFs e fundos lastreados em ouro

O interesse de investidores institucionais e de varejo por fundos de índice (ETFs) com lastro em ouro também vem crescendo.

Esses instrumentos permitem exposição ao metal sem a necessidade de comprá-lo fisicamente, facilitando a entrada de grandes volumes de capital no mercado.

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US$ 5.000 no radar

Com base no atual cenário, bancos como o Bank of America e Société Générale projetam o ouro a US$ 5.000 até 2026. Já o Standard Chartered revisou sua estimativa para uma média de US$ 4.488 em 2026.

Suki Cooper, chefe global de commodities do banco britânico, afirma que a tendência de alta é clara, mas que alguma correção de curto prazo poderia fortalecer a sustentabilidade do rali.

Prata acompanha e renova máxima histórica

A prata também tem se beneficiado dos mesmos fundamentos, com destaque para o uso industrial do metal em tecnologias sustentáveis, como painéis solares.

O ativo subiu mais de 3% na sessão, com cotação de US$ 51,82, após atingir brevemente os US$ 52,07 — nova máxima histórica.

Com um cenário que combina volatilidade geopolítica, juros baixos, demanda institucional e fragilidade cambial, o ouro reforça seu papel como ativo de proteção e deve continuar no radar de investidores globais.

💲 Se as projeções se confirmarem, o metal pode não apenas manter o atual patamar recorde — mas também alcançar os US$ 5.000 já nos próximos 18 meses.