O que é recessão econômica e por que o mundo está olhando para os Estados Unidos

Analistas apontam probabilidade de queda no PIB da maior economia do mundo

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Publicado em 07/04/2025 às 12:00h - Atualizado 1 hora atrás Publicado em 07/04/2025 às 12:00h Atualizado 1 hora atrás por Wesley Santana
Estados Unidos é um país da América do Norte (Imagem: Shutterstock)

Embora muita gente desconheça o que exatamente significa uma recessão econômica, termos como esse causam espanto só de escutar. Talvez isso se dê pelo fato de que sempre que as notícias falam sobre essa situação, estão acompanhadas de dados negativos sobre um país.

📈 A recessão econômica se caracteriza pelo declínio da atividade econômica de um país, em uma situação que pode durar vários meses. Além de afetar a produção de empresas, o impacto de uma recessão chega também aos trabalhadores e suas famílias, que já traz como consequência o desemprego e a queda na arrecadação de impostos.

O assunto ganhou relevância nas últimas semanas, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu impor uma série de tarifas às importações que chegam ao país. Canadá e México, vizinhos e dois dos maiores parceiros comerciais, foram os primeiros impactados com as novas regras tarifárias.

Depois disso, Trump estendeu a taxação adicional para centenas de países ao redor do mundo, com um índice que começa nos 10% e passa de 45%. Desta forma, praticamente qualquer produto que chegue aos Estados Unidos deve sofrer uma imposição tarifária extra.

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Na análise de especialistas, o problema começa exatamente aí, já que os produtos terão acréscimo de preços antes de chegar ao consumidor final. De modo geral, as empresas até podem absorver parte do novo imposto, mas uma hora esse valor será repassado às pessoas físicas.

“As políticas dos EUA têm sido reconhecidas como o maior risco para as perspectivas globais durante todo o ano”, dizem os analistas do JP Morgan, um dos bancos mais prestigiados do mundo. “O efeito provavelmente será ampliado por meio de retaliações (tarifárias), uma queda na confiança empresarial dos EUA e interrupções na cadeia de suprimentos”, complementam.

Essa e outras instituições importantes deram suas opiniões sobre a possibilidade de recessão nos EUA, apontando índices acima do previsto anteriormente. O JP indica uma perspectiva de 60% para recessão econômica, enquanto o Goldman Sachs fala em 45%.

“Se a maioria das tarifas de 9 de abril entrarem em vigor, então a taxa tarifária efetiva aumentará em cerca de 20 pontos percentuais [para 45%]“, escreveram os economistas do Goldman Sachs. “Se assim for, esperamos mudar nossa previsão para uma recessão”, avaliaram.

Raio X de uma crise

🔎 A bolsa de valores dos EUA é hoje um dos principais critérios usados pelos analistas para comentar a recessão econômica. Depois de um começo de ano bastante positivo, os principais índices de Wall Street amargam resultados históricos.

O S&P 500, por exemplo, carrega uma baixa superior a 15% desde o começo do ano, mostram dados de Dow Jones. O mesmo acontece com Nasdaq, que reúne as maiores companhias de tecnologia do mundo, mas registra uma queda de 18% entre janeiro e abril.

Em NYSE, a situação está um pouco mais controlada, mesmo assim nada animadora: 10% de baixa no mesmo período. Por fim, o VIX -apelidado de índice do medo- está em seu maior patamar desde a pandemia, bem próximo dos 50 pontos.

"Se a Casa Branca permanecer comprometida com suas políticas, mesmo frente a dados muito piores, o risco de recessão irá aumentar ainda mais", escreveram os analistas do Goldman.

No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA teve um avanço de 2,8%, fechando o ano em US$ 29,17 trilhões. Para 2025, o país deve manter a liderança global, mas os números podem ser inferiores às projeções feitas pelos economistas ainda em janeiro.

Impacto global

Por ser a maior economia do mundo, uma crise concentrada nos Estados Unidos pode ter efeito global. Como consequência das tarifas, os países podem passar a exportar menos para os EUA, o que, no final, impactaria o PIB particular de cada um deles, considerando que o país norte-americano é um importante cliente no mundo.

"Este é um divisor de águas, não só para a economia dos EUA como para a economia global", diz Olu Sonola, chefe de Pesquisa Econômica para os Estados Unidos da Fitch Ratings, em entrevista à rede alemã DW. "Você pode jogar fora a maioria das previsões se essa tarifa permanecer ativa por um longo período”.

No caso da América Latina, o efeito pode ser por meio da inflação, já que esses países são alguns dos maiores importadores de produtos e serviços dos EUA. Já o mercado interno norte-americano pode ver aumentar o valor de itens importantes, como bananas, ovos e café, alguns deles já no foco da atenção da população local.