Magazine Luiza (MGLU3) propõe grupamento de ações
O principal objetivo do grupamento é a redução da volatilidade das ações, destacou a varejista.
O Magazine Luiza (MGLU3) enfrenta mais um impasse. É que o CEO da varejista, Fred Trajano, foi acusado de fraude contábil pelos donos da KaBuM!, marketplace comprado pelo Magalu em 2021. O assunto será discutido em assembleia de acionistas no próximo dia 29 de maio.
Detentores de 1,02% das ações do Magazine Luiza e donos da KaBuM!, os irmãos Thiago Camargo Ramos e Leandro Camargo Ramos pediram que o Conselho de Administração do Magalu convocasse a assembleia de acionistas para votar uma ação de responsabilidade contra Fred Trajano.
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Os donos da KaBuM! já entraram em atrito com os administradores do Magazine Luiza anteriormente, por causa do valor recebido pelo marketplace. É que o Magalu pagou R$ 1 bilhão e 75 milhões de ações próprias pela KaBuM!, mas essas ações perderam valor desde então, com a queda do Magalu na B3.
Agora, Thiago Camargo Ramos e Leandro Camargo Ramos dizem que Fred Trajano tem responsabilidade por uma "fraude contábil" de R$ 829,5 milhões e ainda teria deixado vencer um crédito fiscal de aproximadamente R$ 40 milhões que favoreceria a KaBuM! por um "desejo pessoal de vingança".
💲 O Magazine Luiza admitiu incorreções em lançamentos contábeis, que levaram a um ajuste a menor de R$ 829,5 milhões no patrimônio líquido da companhia, em novembro de 2023. Os donos da KaBuM! não descartam a possibilidade de outras inconsistências contábeis e afirmam que Fred Trajano já havia sido alertado de uma "deficiência grave no controle contábil do estoque da Companhia".
Segundo os acionistas, o registro contábil do preço de entrada das mercadorias do Magazine Luiza é registrado manualmente por funcionários do departamento de compra que negociam esse preço e dependem desse valor para ganhar bonificações, o que configuraria um "conflito de interesses".
"O erro contábil que levou a um reajuste de R$ 829,5 milhões admitido pela Companhia em novembro de 2023 é apenas um dos resultados da inexistência de controles rigorosos, problema sobre o qual o Sr. Frederico Trajano vem sendo alertado há anos não apenas por Thiago Ramos e Leandro Ramos, como, ao que parece, também por outros administradores", afirmam.
Já sobre o crédito fiscal de R$ 40 milhões, os donos da KaBuM! dizem que Fred Trajano deixou prescrever "deliberada e intencionalmente" por um "desejo pessoal de vingança". "O Sr. Frederico Trajano depredou e vandalizou um ativo de R$ 40 milhões da Companhia que ele administra com o objetivo de causar dano pessoal indireto aos seus inimigos", reclamam.
Em carta enviada ao Conselho de Administração e aos acionistas do Magazine Luiza, Fred Trajano rebate as acusações e diz que os irmãos Ramos têm criado "factóides na tentativa de conseguirem vantagens pessoais indevidas, por meio de pressão ilegítima".
🗣️ "Embora formalmente acionistas da Companhia, os antigos controladores do KaBuM atuam todo o tempo contrariamente aos interesses do Magazine Luiza, lançando ataques jurídicos e reputacionais, na esperança de obterem, da Companhia, e portanto do conjunto de seus verdadeiros acionistas, vantagens indevidas. O foco tem sido, invariavelmente, o benefício (ilegítimo e infundado) deles – e somente deles", afirmou o CEO do Magalu.
Trajano afirma que as inconsistências contábeis foram esclarecidas e que os acionistas da companhia aprovaram o balanço que refletiram os ajustes necessários. Já sobre o crédito fiscal, ele diz que os vendedores do KaBuM não apresentaram ao Magazine Luiza os elementos necessários à formulação do pedido do crédito à Receita Federal. "A verdade se impôs até agora – e se imporá mais uma vez", afirmou.
Segundo Fred Trajano, esta não é a primeira vez que os irmãos Ramos tentam "desestabilizar e caluniar quem eles julgam contrários aos seus interesses". "Frustrados em seu objetivo de atacar a Companhia, os antigos acionistas do KaBuM voltam agora suas baterias à pessoa do Diretor Presidente", afirmou.
O presidente do Magazine Luiza garantiu, então, que ataques a sua pessoa "não servirão, em hipótese alguma, para que os antigos controladores do KaBuM obtenham qualquer tipo de vantagem indevida, em prejuízo da Companhia".
O principal objetivo do grupamento é a redução da volatilidade das ações, destacou a varejista.
Durante a teleconferência com analistas, Trajano destacou o potencial de melhoria para frente.