Afinal de contas, os
grandes bancos já não enchem os bolsos com títulos da dívida pública brasileira como antes, sobretudo em prazos em que o dinheiro ficará por muito tempo travado ou fortemente exposto aos
efeitos da marcação a mercado, a qual pode destravar lucro ou prejuízo ao longo do caminho.
Durante o leilão realizado no último dia 4 de novembro pelo Tesouro Nacional, os investidores institucionais arremataram apenas 81.750 títulos
Tesouro IPCA+ 2060 com juros semestrais, ante a oferta de 150 mil títulos, emprestando apenas R$ 322 milhões ao governo brasileiro nesta modalidade. A remuneração travada ficou em IPCA+ 7,25% ao ano.
Em contrapartida, em prazo de vencimento intermediário, os bancões arremataram totalmente a oferta de 300 mil títulos Tesouro IPCA+ 2035, mediante taxa de IPCA+ 7,62% ao ano, movimentando R$ 1,26 bilhão aos cofres públicos.
Já os investidores pessoas físicas que acessam nesta data a plataforma do
Tesouro Direto encontram bastante volatilidade nas taxas oferecidas pela renda fixa do governo. Enquanto a remuneração do
Tesouro Renda+ 2065 subia de IPCA+ 7,00% ao ano na véspera para os atuais IPCA+ 7,02% ao ano, as taxas do
Tesouro IPCA+ 2050 recuavam de IPCA+ 6,97% ao ano para IPCA+ 6,96% ao ano.
Por sua vez, o que parece inabalável é o apetite das instituições financeiras por financiar a máquina pública em títulos de renda fixa atrelados à
taxa Selic, ainda que a expectativa de parte do mercado seja de que o indicador
encerre 2026 no patamar de 12% ao ano.
Isso porque os bancões emprestaram R$ 11,19 bilhões só em
Tesouro Selic 2031, além de saldo de R$ 2,65 bilhões no
Tesouro Selic 2028, comprando integramente a oferta colocada em leilão do Tesouro Nacional na véspera.