O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) anunciou a suspensão, por tempo indeterminado, do recebimento de novos contratos de crédito consignado enviados pelo Agibank, apontando “irregularidades e práticas lesivas” aos beneficiários.
⚠️ No balanço do 3º trimestre, o banco informou que, em setembro, atingiu 8,8% de participação no mercado de consignado para segurados do INSS. Naquele período, a empresa registrou um lucro líquido de R$ 875,5 milhões, uma alta de 35,4% em comparação ao mesmo período de 2024.
“A auditoria constatou a existência de quantidade significativa de contratos averbados sem consentimento expresso dos beneficiários”, afirmou o comunicado do INSS divulgado nesta quarta-feira (3). “Além disso, há indicativo de irregularidades em milhares de operações da instituição”, acrescentou.
O que diz o Agibank
👀 Em nota, o Agibank disse ter tomado conhecimento da medida sem aviso prévio e sem chance de apresentar defesa. O banco afirmou não ter ciência de contratações irregulares, mas garantiu que, caso sejam identificadas, corrigirá os processos e assumirá integralmente os custos, preservando clientes e o INSS.
A instituição também solicitou acesso aos autos para analisar os apontamentos feitos pelo órgão e pela CGU (Controladoria-Geral da União) de forma detalhada. Entre os achados mais graves que motivaram a suspensão, segundo o governo, estão:
As análises apontaram a existência de 1.192 contratos firmados após o óbito dos beneficiários, segundo informações do Sirc, entre 2023 e 2025. Desses, 163 estavam ligados a benefícios previamente cessados nos sistemas do INSS.
- Refinanciamento fraudulento
Um caso ocorrido em Fortaleza (CE) revelou um refinanciamento não solicitado nem autorizado em 7 de novembro de 2025. A operação incluiu sete contratos, três deles inexistentes nos sistemas do INSS, que aumentaram em R$ 17.073,94 o saldo remanescente. O troco registrado, de R$ 17.135,18, praticamente equivalente ao valor da fraude, não chegou a ser pago ao beneficiário.
A investigação também mostrou que o Agibank registrou operações de refinanciamento com taxas de juros muito abaixo do teto oficial de 1,85% ao mês. No primeiro teste, foram encontrados 5.222 contratos com taxas menores que 0,4%.
Em uma análise expandida, o número chegou a 33.437 contratos com juros abaixo de 1%, um comportamento fora do padrão de mercado e que pode sugerir o registro de taxas artificialmente baixas para evitar alertas dos sistemas de controle no momento da averbação.