🚨O otimismo com o mercado acionário brasileiro ganhou mais força nesta quinta-feira (4), com o
Ibovespa renovando seu recorde histórico e superando os
164 mil pontos pela primeira vez. A valorização acumulada do índice em 2025 já ultrapassa 36%, impulsionada por fatores como o apetite ao risco global, o fluxo estrangeiro e a antecipação de um ciclo de cortes nos juros.
Mas, segundo o JP Morgan, o espaço para novas máximas está longe de se esgotar. Em relatório enviado a clientes, o banco americano projeta que o Ibovespa poderá atingir 190 mil pontos em 2026, o que representaria uma alta adicional de cerca de 18% em relação aos níveis atuais.
No cenário-base da instituição, os principais motores dessa valorização serão a esperada flexibilização monetária no Brasil, a trajetória dos juros nos Estados Unidos e, sobretudo, o desfecho da eleição presidencial de 2026, que o banco classifica como o "gatilho principal" para os ativos brasileiros no ano que vem.
Cortes na Selic devem começar em março, mas podem vir antes
O JP Morgan prevê que o Banco Central inicie o ciclo de redução da
taxa Selic em março de 2026, com um corte de 0,50 ponto percentual.
No entanto, a possibilidade de antecipação para janeiro não está descartada, a depender da evolução dos indicadores econômicos.
A projeção da equipe de estratégia para o ciclo total é de redução entre 3,5 e 4 pontos percentuais ao longo do ano, o que levaria a Selic a terminar 2026 entre 11% e 11,5% ao ano.
O cenário considera desaceleração da inflação, maior estabilidade cambial e ausência de choques fiscais.
“O Brasil provavelmente realizará a maior flexibilização monetária do mundo em 2026”, escreveram os analistas Rajiv Batra, Emy Cherman, Anindita Gandhi e David Aserkoff.
No entanto, eles alertam que esta será a primeira vez que o Banco Central corta juros durante um ano eleitoral, o que historicamente aumenta a volatilidade dos mercados.
Eleições presidenciais serão determinantes
Para o JP Morgan, a eleição de 2026 será o ponto de inflexão para os ativos brasileiros. A equipe alerta que um eventual ambiente de juros mais baixos pode ser insustentável se não vier acompanhado de compromissos claros com a disciplina fiscal a partir de 2027. Nesse sentido, o resultado eleitoral será fundamental.
“O mercado está atento à sucessão presidencial e, apesar do bom momento da bolsa, espera uma disputa acirrada, com alto grau de incerteza até a definição dos candidatos”, pontua o relatório.
A eleição, segundo o banco, será “binária”, ou seja, polarizada, com o presidente Lula buscando um quarto mandato, enquanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é visto como o nome mais provável para liderar a direita, embora ainda não tenha confirmado a candidatura.
O banco também menciona a possibilidade de Jair Bolsonaro, atualmente inelegível e cumprindo pena, apoiar um nome da família, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou um de seus filhos, o que pode mobilizar uma fatia importante do eleitorado conservador.
Desempenho da bolsa pode atingir o pico no 1º semestre
Com as projeções de corte de juros tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos ganhando força, o JP Morgan vê o primeiro semestre de 2026 como o período de melhor desempenho para o Ibovespa, impulsionado por juros mais baixos e um ambiente eleitoral ainda sem definições críticas.
Nesse intervalo, o índice pode atingir o pico previsto de 190 mil pontos. No cenário mais otimista, caso haja mudança de governo com sinalizações de responsabilidade fiscal, o índice poderia avançar até os 230 mil pontos após o pleito de outubro, estimam os estrategistas.
Por outro lado, a incerteza eleitoral deve pesar no segundo semestre. “A volatilidade do mercado tende a aumentar conforme a eleição se aproxima, com os preços oscilando ao sabor das pesquisas eleitorais, como já observado em pleitos anteriores”, aponta o banco.
Brasil segue descontado entre emergentes, diz banco
Apesar da recuperação recente, o JP Morgan destaca que a bolsa brasileira ainda está negociada com desconto em relação a seus pares emergentes.
Segundo o banco, sete dos dez principais setores do Ibovespa seguem sendo precificados abaixo da média histórica de valuation, tanto em
preço/lucro (P/L) quanto em múltiplos comparativos.
Os estrategistas reconhecem que o crescimento do PIB deve desacelerar de cerca de 2% para algo próximo a 1% em 2026, o que pode pressionar os lucros das empresas.
📊 Ainda assim, a redução do custo de capital, com os cortes na Selic, pode compensar parte desse impacto e sustentar a valorização dos ativos.