Galípolo: Copom não ganhará prêmio de “miss simpatia” com Selic a 15%

O presidente do BC disse que a elevação da Selic é uma medida necessária para cumprir a meta estabelecida pela legislação.

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Publicado em 09/07/2025 às 09:14h - Atualizado 20 horas atrás Publicado em 09/07/2025 às 09:14h Atualizado 20 horas atrás por Elanny Vlaxio
A fala foi feita nessa terça-feira (8) (Imagem: Shutterstock)

Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, afirmou nessa terça-feira (8) que o Copom (Comitê de Política Monetária) não tem a intenção de “ganhar prêmio de miss simpatia” com sua atuação recente, e reforçou que o foco permanece no cumprimento da meta de inflação de 3%. A fala foi feita durante reunião com a FPE (Frente Parlamentar do Empreendedorismo) e associados do IUB (Instituto Unidos Brasil).

🗣️ “Eu tenho plena consciência de que, ao colocar a taxa de juros em 15%, dificilmente eu e os meus colegas do Copom vamos ganhar o torneio de miss simpatia no ano de 2025. Mas eu durmo muito tranquilo, sabendo que o que eu estou fazendo é cumprir a meta, perseguir a meta”, declarou.

Segundo Galípolo, o BC não abre espaço para interpretações subjetivas. “Você tem a definição de uma meta de inflação. A meta é três. Eu não recebi uma sugestão ou um conselho. É um decreto que definiu que a meta é três”, acrescentou. Ele afirmou ainda que o intervalo de tolerância tem a função de amortecer choques momentâneos, e não de legitimar desvios estruturais.

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O presidente do BC defendeu ainda a elevação da Selic, destacando que a medida é necessária para cumprir a meta estabelecida pela legislação. “A meta não diz assim para mim: ‘seja a menor taxa de juros do mundo’. A meta é a taxa de juros num patamar restritivo o suficiente, pelo período necessário, para atingir a meta de 3%”, disse.

💬 “Toda vez que a inflação está subindo, você sobe a taxa de juros. Toda vez que a inflação está caindo, você reduz a taxa de juros. Esse é o mecanismo de transmissão da política monetária.” Ele ainda acrescentou: “Desde o início, eu falei: do Banco Central essa bola não vai passar. Não é porque eu estou lá. É porque a instituição vai defender."

Lembrando que a estimativa de inflação para este ano foi reduzida pelos economistas do mercado financeiro, que, por outro lado, mantiveram a expectativa de crescimento da economia brasileira. Em relação a 2025, a projeção de inflação caiu de 5,24% para 5,20%, permanecendo acima do limite da meta de 4,5%, segundo o mais recente Boletim Focus.

Mais uma carta ao ministro da Fazenda

Galípolo também afirmou que escreverá mais uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de descumprimento da meta de inflação."Vou assinar uma carta de descumprimento da meta no mês que vem", disse o presidente do BC.

💻 Ele enviou, em janeiro, uma carta a Haddad, apontando que o resultado se deve a uma forte atividade econômica e à queda do real. A nova carta representará o segundo alerta sobre o descumprimento da meta, que está estabelecida em 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual.