Fundo imobiliário anuncia corte de até 40% nos dividendos

Decisão já afeta próximo pagamento

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Publicado em 30/10/2024 às 13:33h - Atualizado 23 dias atrás Publicado em 30/10/2024 às 13:33h Atualizado 23 dias atrás por Wesley Santana
(Imagem: Shutterstuck)

📉 Um comunicado divulgado nesta quarta-feira (30), o Fiagro Itaú Rural (RURA11) anunciou um corte entre 30% e 40% nos dividendos de novembro. Considerando que o último repasse foi de R$ 0,10, o próximo pagamento deve ficar entre R$ 0,06 e R$ 0,07.

De acordo com o Itaú Asset, o principal motivo para esse corte é a formação de uma reserva de caixa para o ativo. A decisão foi tomada depois da avaliação dos cenários macroeconômicos e setorial.

A gestora informou que está aplicando a PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) em dois ativos do portfólio: CRA Consentini e CRA Portal Agro. As duas emissoras entraram com pedido de Recuperação Judicial, o que deve afetar os embolsos mensais previstos para o Fiagro.

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“Essa redução poderá se estender temporariamente para as distribuições de rendimentos dos próximos meses”, diz o comunicado. “A Gestora continuará a acompanhar a conjuntura do mercado financeiro e setorial, bem como a evolução dos casos que levaram à aplicação da PDD na carteira do Fundo e manterá os cotistas e o mercado atualizados”, completa.

Depois do anúncio, a cotação do ativo desabou na bolsa de valores. Às 13h, o ativo era negociado por menos de R$ 7,60, com uma queda de 10,2% no acumulado do dia.

No acumulado dos últimos 30 dias, o recuo do RURA11 já passa de 20%, segundo dados da B3. A performance é ainda mais negativa desde janeiro, quando a cotação do ativo despencou 30%.

Crise no setor

🥵 O Fiagro do Itaú Asset não é o único que se viu afetado pelos pedidos de Recuperação Judicial em escala que aconteceram no Agronegócio. Ao menos outros cinco fundos imobiliários comunicaram seus cotistas sobre alterações no pagamento de dividendos, por exemplo.

Segundo um levantamento da Serasa, 214 produtores rurais entraram com pedido de Recuperação Judicial no segundo trimestre de 2024. Esse número representa o dobro do registrado nos primeiros três meses do ano.

Os dados da empresa apontam que houve um aumento expressivo entre as empresas com operações no Centro-Oeste do país, sobretudo nos estados de Mato Grosso e Goiás. “Isso tem gerado um pessimismo para credores que passaram a atuar na região nos últimos anos”, destacou Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa.