EUA capturam navio petroleiro venezuelano e Maduro fala em “roubo descarado”

Washington afirma que a embarcação fazia parte de rede ilícita de transporte de petróleo.

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Publicado em 11/12/2025 às 09:14h - Atualizado 20 horas atrás Publicado em 11/12/2025 às 09:14h Atualizado 20 horas atrás por Wesley Santana
Venezuela já foi um dos maiores produtores de petróleo da América do Sul (Imagem: Shutterstock)
Venezuela já foi um dos maiores produtores de petróleo da América do Sul (Imagem: Shutterstock)

Na última quarta-feira (10), os Estados Unidos apreenderam um navio petroleiro de propriedade da Venezuela. O ataque foi realizado na costa do país sul-americano, que agora acusa o governo do país mais ao norte de roubo e de pirataria.

"Como vocês provavelmente sabem, acabamos de apreender um petroleiro na costa da Venezuela, um grande... o maior já apreendido, na verdade... vocês verão isso mais tarde e conversaremos sobre isso com outras pessoas", disse Trump a jornalistas durante um evento na Casa Branca.

A captura foi realizada pelo FBI, em uma operação que contou com a ajuda da Guarda Costeira e do Departamento de Segurança Interna, ambos órgãos dos EUA. Segundo os agentes, a embarcação seria parte de uma rede ilícita de transporte de petróleo e de organizações terroristas estrangeiras.

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"Esta apreensão, concluída na costa da Venezuela, foi realizada de forma segura e protegida — e nossa investigação, em conjunto com o Departamento de Segurança Interna para impedir o transporte de petróleo sancionado, continua", escreveu a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi.

A última localização do navio antes da apreensão foi bem perto da capital Caracas e o veículo é identificado como “SKIPPER” pela plataforma Vanguard Tech. A ação teria envolvido mais de 20 agentes, conforme dados oficiais.

O navio capturado é considerado sancionado pelo governo dos EUA e navegava nas águas do Caribe com a bandeira da Guiana, país que faz fronteira com a Venezuela e que tem uma grande reserva de petróleo. Ele é considerado parte de uma frota clandestina porque, em 2022, fez embarques ilícitos para países que estão sancionados.

Um histórico de páginas online mostra que ele supostamente foi usado anteriormente para levar petróleo ao Irã, que também está sob as sanções norte-americanas. O veículo tem capacidade para transportar até 2 milhões de barris de petróleo bruto, um tipo de matéria enviada especialmente para a China.

Tensões no Caribe

A captura do petroleiro acontece no momento em que as tensões entre EUA e Venezuela se apertam cada vez mais. O governo do país norte-americano, inclusive, oferece uma recompensa milionária para quem dê informações sobre o paradeiro de Nicolás Maduro, atual chefe de governo do país vizinho.

No mês passado, Trump chegou a anunciar o fechamento do espaço aéreo venezuelano de forma espontânea. “Considerem o espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela fechados em sua totalidade", escreveu ele por meio das redes sociais.

Isso acontece também no âmbito da Operação Lança do Sul, que prevê o combate ao narcotráfico na região do Caribe. Ao todo, mais de 80 pessoas já foram mortas em operações realizadas contra barcos na região, mesmo que parte delas não tenha nenhum envolvimento com o crime organizado.

O que diz a Venezuela

Por meio de nota, o governo de Maduro se pronunciou classificando o ataque dos EUA como “pirataria internacional”. Esse termo se refere aos criminosos que estão no mar para roubar cargas ou mesmo navios que passam pelas águas.

"A República Bolivariana da Venezuela denuncia e repudia energicamente o que constitui um roubo descarado e um ato de pirataria internacional, anunciado publicamente pelo presidente dos Estados Unidos, que confessou o assalto a um navio petroleiro no mar do Caribe", diz a nota do regime.

"A verdadeira razão da agressão prolongada contra a Venezuela não é a imigração, não é o narcotráfico, não é a democracia, não são os direitos humanos. Sempre se tratou das nossas riquezas naturais, do nosso petróleo, da nossa energia, dos recursos que pertencem ao povo venezuelano", continua.