Entenda crise do Carrefour que suspendeu fornecimento de carnes; ações desabam

Fornecedores fazem boicote contra comunicado da matriz francesa

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Publicado em 25/11/2024 às 12:39h - Atualizado 2 minutos atrás Publicado em 25/11/2024 às 12:39h Atualizado 2 minutos atrás por Wesley Santana
Carrefour Market é uma das marcas do grupo (Imagem: Shutterstuck)

Desde a semana passada, o Carrefour Brasil (CRFB3) está envolvido em uma crise que só cresce em sua operação brasileira. Depois que o CEO global do grupo, Alexandre Bompard, suspendeu a compra de carne do Mercosul, os frigoríficos e produtores em solo nacional resolveram fazer um boicote à varejista, o que contou com apoio também do governo federal.

🍖 A crise tem crescido a tal nível que, na manhã desta segunda-feira (25), as ações da companhia negociadas na B3 abriram com uma desaceleração de 4,8%. Às 11h, o ticker havia se recuperado, mas ainda era comprado e vendido por R$ 6,50.

O movimento de baixa vem depois que a empresa admitiu que ocorre suspensão do fornecimento de carnes, conforme adiantaram alguns fornecedores. A JBS (JBSS3) foi uma das empresas que aderiram ao boicote, sendo ela responsável por quase 80% das proteínas que estão nas gondolas de marcas do grupo Carrefour.

A decisão pelo boicote não vem exatamente da suspensão da compra, mas do tom usado por Bompard para se referir aos produtos brasileiros. Uma estimativa do mercado mostra que entre 30% e 40% das lojas do Carrefour no Brasil já enfrentam dificuldades para manter a oferta de carne bovina.

O boicote estaria influenciando as operações de outros membros do grupo, como Atacadão e Sam’s Club. "Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade", diz nota.

🚨 Leia mais: Boicote ao Carrefour (CRFB3) pode atrapalhar números e preço das ações, diz bancos

Respostas

No Brasil, as respostas ao CEO do Carrefour vieram de todos os lados: dos empresários, dos políticos e também das entidades que representam o setor. O Ministério da Agricultura endossou um boicote feito pelo mercado dizendo que trata-se de um movimento orquestrado por empresas francesas para dificultar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

Nesta segunda, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, criticou a fala do presidente do Carrefour e disse esperar uma retratação pública. Em evento público, ele defendeu “respostas claras” ao Carrefour contra o que classificou como “protecionismo exagerado dos produtores da França”.

“Nos incomoda muito o protecionismo europeu, principalmente o da França com o Brasil, e deverá ter nesta semana por parte do Congresso Nacional, na sua pauta, a lei da reciprocidade econômica entre os países”, disse o chefe da Câmara.

Histórico de manifestações

📄 Essa não é a primeira vez que o Carrefour vê desgates em sua reputação na operação brasileira. Um dos episódios mais emblemáticos aconteceu em 2020, quando um homem negro de 40 anos foi espancado e morte dentro de uma loja em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

O caso aconteceu na véspera do Dia da Consciência Negra, o que levantou as discussões sobre a causa de a morte ser racismo como motivo torpe. A Justiça afastou essa hipótese, mas não mudou o fato de que a empresa foi alvo de protesto por todo o país, tendo, inclusive, ter de fechar algumas de suas sucursais temporariamente.