Dólar bate R$ 6, mas recua no pós-fiscal; Ibovespa cai 2,5%

Mercado reagiu com desânimo ao pacote de ajustes do governo federal

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Publicado em 28/11/2024 às 18:14h - Atualizado Agora Publicado em 28/11/2024 às 18:14h Atualizado Agora por Wesley Santana
Dólar é a divisa mais importante do mundo (Imagem: Shutterstock)

No dia em que o governo federal detalhou o ajuste fiscal, o dólar alcançou o maior patamar da história. A moeda norte-americana chegou a marca de R$ 6, mas, no fim desta quinta-feira (28), recuou e fechou em R$ 5,99, mostram os monitores de câmbio.

📈 Com esse resultado, a moeda norte-americana chegou a uma valorização de 23,49% só neste ano de 2024. O dólar turismo, no entanto, já era vendido acima de R$ 6 nas casas de câmbio pelo país.

O mercado fez barulho também na bolsa de valores, tendo o principal índice da B3 recuado 2,56% durante o pregão. O Ibovespa fechou o dia em 124,7 mil pontos, voltando ao mesmo patamar de junho.

Entre as ações da bolsa que mais sofreram, estão: CVC (-14%), MRV (-13%) e Renner (10%). Por outro lado, JBS (+3%), Suzano (2%) e SLC Agrícola (+2%) tiveram as maiores altas do balcão de São Paulo.

O movimento dos principais ativos financeiros foi no sentido do ânimo do mercado em relação ao pacote de corte de gastos apresentado pelo Ministério da Fazenda. Na noite da quarta (27), o ministro Fernando Haddad fez um pronunciamento em cadeia de rádio e TV apresentando o projeto, mas só hoje a equipe econômica do governo detalhou as medidas de contenção.

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Um dos principais pontos que, na visão dos analistas, tirou a credibilidade do pacote foi a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês. Há um temor sobre o impacto desta medida nas contas públicas e em relação à origem do dinheiro para tampar esse benefício.

Com outras medidas de corte, o governo espera uma economia de R$ 70 bilhões nos anos de 2025 e 2026, o que seria suficiente para cumprir com as regras do arcabouço fiscal. O ajuste fiscal ainda depende de envio e aprovação pelo Congresso Nacional.

No radar

🔎 O ajuste fiscal, claro, foi o centro das discussões desta quinta, reverberando nos diversos segmentos do mercado financeiro.

O Ifix, que reúne os principais fundos imobiliários, teve seu pior dia em mais de dois anos. O índice caiu 0,97%, para 3.140 pontos, com apenas 10 FIIs fechando o pregão no positivo.

Na renda fixa, a remuneração dos ativos disparou, sobretudo dos títulos prefixados do Tesouro Direto que eram negociados perto de 14% ao ano. Os ativos corrigidos pelo IPCA pagavam 7,1% acima da inflação, enquanto os da Selic seguiam em 0,03974%.

Com esse cenário, a Faria Lima já trabalha com a possibilidade de acréscimo de 1 ponto percentual na Selic. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária está agendada para 11 de dezembro.