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Não é o Bitcoin (BTC), nem o Ethereum (ETH) a criptomoeda mais negociada no Brasil. A preferência nacional está em stablecoins, como a Tether (USDT). Isto é, em moedas digitais que são vinculadas a um ativo estável, como o dólar, e, por isso, prometem mais estabilidade para os investidores.
Segundo dados da Receita Federal, um recorde de 4,1 milhões de pessoas físicas e 92,1 mil pessoas jurídicas declararam operações com criptomoedas em julho de 2023, último dado disponível. As operações de compra e venda movimentaram R$ 18,856 bilhões e quase 82% desse valor foi registrado em torno de um único ativo: a Tether (USDT).
A Tether é uma stablecoin que propõe paridade com o dólar, embora nem todas as unidades deste ativo tenham um dólar como lastro. A proposta, contudo, garante estabilidade para a criptomoeda. Isto é, o preço não tem grandes variações, como acontece com criptos como o Bitcoin. Por isso, promete ser uma forma mais segura de operar no mercado cripto.
Só em julho, as operações com Tether somaram R$ 15,388 bilhões no Brasil, segundo dados da Receita Federal. Foi o maior volume declarado entre todas as criptomoedas registradas pelo Fisco. O segundo lugar foi de outra stablecoin: a USD Coin (USDC), que também é pareada com o dólar e movimentou R$ 838 milhões.
O famoso Bitcoin (BTC) ficou em terceiro lugar com R$ 737,5 milhões negociados. Logo depois, vem a stablecoin brasileira, o Brazilian Digital Token (BRZ), que movimentou R$ 641,6 milhões. Só na quinta posição é que aparece o Ethereum, com R$ 150,8 milhões em operações.
Veja o ranking das 10 criptomoedas mais negociadas no Brasil, segundo os dados declarados à Receita Federal:
A Tether também liderou as operações do mercado cripto brasileiro em todos os outros meses de 2023, segundo os dados da Receita Federal. Além disso, apresenta um valor médio por operação bem acima da média das demais criptomoedas. Em julho, por exemplo, o valor médio por operação da Tether foi de R$ 66,3 mil. O da USD Coin também foi elevado, R$ 21,2 mil.
Todas as outras criptomoedas, no entanto, não chegam nem perto dos R$ 10 mil em valor médio por operação. O Bitcoin, por exemplo, registrou R$ 876 em julho. Por isso, as stablecoins entraram no radar dos reguladores. Nesta semana, por exemplo, o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, falou em “apertar” a regulação do mercado de criptomoedas no Brasil.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados, Roberto Campos Neto disse que os brasileiros entraram no mercado cripto com objetivos de investimento e, por isso, costumavam apostar mais em moedas de alta volatilidade, como Bitcoin e Ethereum. Agora, contudo, parece que o jogo entrou em uma outra etapa.
“Mais recentemente, isso migrou para stablecoins, que são moedas digitais atreladas ao dólar. Isso nos passa a percepção que as pessoas estão começando a usar moeda digital como meio de pagamento, e não só como investimento”, afirmou o presidente do Banco Central.
Além disso, contudo, o BC acredita haver movimentos de evasão fiscal e atividades ilícitas com criptomoedas. A Receita Federal também já reconheceu remessas ilegais de dólares ao exterior por meio de stablecoins, já que muitas dessas moedas são pareadas com o dólar.
Por isso, Campos Neto falou na quarta-feira (27/09) em “apertar a regulação” para que as corretoras que vendem criptomoedas passem a ser fiscalizadas pelo Banco Central. No dia seguinte, reforçou o recado, dizendo que o BC deve passar a exigir presença física das corretoras de criptomoedas, além de provas de que esses ativos têm lastro.
Ainda segundo os dados da Receita Federal, cerca de 68% das operações declaradas em julho foram realizadas apenas por corretoras de criptoativos, também chamadas de exchanges. Isto é, R$ 12,958 bilhões. Outros R$ 2,293 bilhões foram negociados por pessoas físicas e jurídicas por meio das exchanges, que devem entrar no campo regulatório do BC.
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