COP 30: Mundo avança no financiamento climático, mas segue dividido sobre fósseis

Conferência em Belém reforça apoio a países pobres, apesar do impasse sobre combustíveis poluentes

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Publicado em 24/11/2025 às 13:02h - Atualizado 2 minutos atrás Publicado em 24/11/2025 às 13:02h Atualizado 2 minutos atrás por Wesley Santana
COP foi realizada em uma das capitais da maior floresta tropical do mundo (Imagem: Shutterstock)
COP foi realizada em uma das capitais da maior floresta tropical do mundo (Imagem: Shutterstock)

A COP 30 terminou no último sábado (30), quando dezenas de delegações de vários países começaram a deixar a cidade de Belém (Pará). Essa foi a primeira Conferência do Clima realizada dentro da Amazônia, um dos biomas mais importantes do mundo.

O evento foi criado para discutir as mudanças climáticas e conduzir, junto aos países, soluções que mitiguem os efeitos da poluição. Nesta edição, um dos objetivos era conseguir firmar um acordo sobre o uso de combustíveis fósseis, mas isso não aconteceu.

O tema, inclusive, ficou fora da declaração final da COP, o que indica que não houve nem sequer algo próximo de um consenso em relação ao assunto. No entanto, a presidência brasileira prometeu que deve continuar batendo na mesma tecla até o próximo ano, quando o país liderará o grupo por ser anfitrião.

Leia mais: COP30: Veja como ficou o acordo final da COP de Belém

Por outro lado, a COP 30 foi importante para aumentar o financiamento contra as mudanças climáticas nos países mais pobres. Essa ajuda será concedida até 2035 pelos países considerados desenvolvidos, que são os que mais poluem o meio ambiente, mas são menos afetados pelos resultados das mudanças.

Estima-se que ao menos US$ 1,3 bilhão seja oferecido como financiamento aos países do Sul Global. Outras ações também foram incluídas entre os compromissos assinados pelos países.

"A gente conseguiu dar passos firmes no multilateralismo climático nessa COP. A comunidade internacional chegou em Belém, veio para Belém, trouxe uma solidariedade muito grande com todos nós e conseguiu aprovar 29 textos. Conseguir consenso com 195 países, nesse momento da geopolítica, num tema que a gente sabe que não tem consenso no mundo, que é a mudança do clima. Então, eu acho que esse é um grandíssimo legado da COP 30", afirmou Ana Toni, diretora-executiva da COP 30.

Repercussão internacional

Obviamente, a COP 30 foi um dos assuntos mais discutidos no mundo na última semana, não só pela dimensão do evento, mas também pela peculiaridade. Uma reportagem da revista The Economist destacou que a Conferência “terminou como um soluço”, em referência à falta de acordo sobre os combustíveis fósseis.

"O texto de Belém não faz qualquer menção direta aos combustíveis fósseis. Uma versão inicial sugeria que os governos poderiam se comprometer com um 'roteiro' para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis — ou, ao menos, em verdadeiro estilo da ONU, se comprometer a discutir um. O significado disso nunca foi esclarecido, mas havia indícios de que poderia levar os países a estabelecerem cronogramas ou metas", afirmou a publicação.

Muitos veículos de comunicação também criticaram os esforços dos países e destacaram que o resultado é frágil, mas mantém aceso o esforço global sobre o assunto. Na França, o Le Monde lembrou do incêndio que afetou o principal pavilhão da COP e disse que ele é um exemplo de um mundo superaquecido.

“O acordo prevê um aumento do financiamento para ajudar as nações a se adaptarem às mudanças climáticas, mas não estabelece um plano para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, o principal motor do aquecimento global. Também mal aborda a ambição insuficiente nos roteiros climáticos nacionais, que ainda estão longe do necessário para evitar os piores impactos da crise”, disse o maior jornal do país europeu.

Uma COP, dois países

Depois de encerrada a jornada brasileira, agora os olhos começam a se voltar para a COP 31, que será sediada na Turquia. O evento, no entanto, será um pouco peculiar porque a Austrália deve liderar as negociações, fazendo com que o evento seja praticamente liderado por duas nações de continentes diferentes.

A decisão foi divulgada pela Alemanha no fim de semana, que destacou que os dois países eram candidatos e se recusaram a desistir. A ideia de levar o evento para a Austrália era envolver os países da Oceania nas discussões, que, no geral, são menores e pouco ouvidos sobre esses tópicos.

“É muito importante que o Pacífico esteja totalmente envolvido nos eventos pré-COP, pois somos nós que mais sofremos com as mudanças climáticas e temos emissões zero”, destacou o ministro das Relações Exteriores da Papua-Nova Guiné, Justin Tkatchenko. “Nosso povo e nossos países estão sofrendo por causa da incapacidade de outros de fazer as coisas acontecerem”, continuou.

Na Turquia, o evento será realizado na cidade de Antalya, uma conhecida cidade costeira na região do Mar Mediterrâneo. Ainda não há data oficial para a abertura da COP 31, mas a expectativa é que aconteça em novembro de 2026, seguindo o calendário da edição brasileira.