Como os juros dos Estados Unidos afetam o Brasil?

O Federal Reserve decidiu cortar os juros em 0,25 ponto percentual, levando a taxa americana para o intervalo de 3,75% a 4% ao ano.

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Publicado em 02/11/2025 às 09:54h - Atualizado 4 minutos atrás Publicado em 02/11/2025 às 09:54h Atualizado 4 minutos atrás por Elanny Vlaxio
No Brasil, a taxa básica de juros é de 15% ao ano (Imagem: Shutterstock)
No Brasil, a taxa básica de juros é de 15% ao ano (Imagem: Shutterstock)
📊 O corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros dos Estados Unidos, decidido pelo Fed (Federal Reserve), reduziu o intervalo para 3,75% a 4% ao ano. Embora modesto, o movimento traz implicações importantes para economias emergentes, especialmente o Brasil, cuja taxa básica permanece em 15% ao ano.

O que pode mudar para o Brasil?

A mudança aumenta o diferencial de juros entre as duas economias, o que pode atrair investidores internacionais para o Brasil e aliviar a pressão sobre o câmbio. Além disso, um real mais forte reduz custos de importação e melhora a expectativa para a inflação, criando um ambiente mais favorável para negócios e crédito. 
Segundo Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, os cortes nos juros nos EUA incentivam a entrada de recursos no Brasil, fortalecendo o real, melhorando o câmbio e ajudando a reduzir a pressão inflacionária.
Já Alcir Arantes, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, lembra que taxas mais altas têm um efeito contrário. "Taxas mais altas nos EUA atraem recursos para lá, pressionando o câmbio e desvalorizando o real", explicou. 

Investidor pode sair ganhando

Para quem investe, uma queda nos juros americanos também pode ser uma boa notícia, já que o apetite ao risco aumenta. "O movimento do Fed torna o Brasil a bola da vez, faz nossos investimentos em renda fixa (Selic a 15%) parecerem uma mina de ouro e, ao mesmo tempo, melhora muito o humor para a nossa Bolsa de Valores", diz Patzlaff. 
🗣️ Arantes também acrescenta que a entrada de capital estrangeiro com possíveis cortes na Selic fortalece o real. Na renda fixa, há uma tendencia de que os juros de longo prazo também diminuam, positivo para prazos maiores, e também o diferencial de juros estimula o chamado 'carry trade', estratégia em que investidores captam recursos onde o juro é baixo e aplicam onde ele é mais alto, aproveitando o spread", analisou. 
Ele ainda acrescenta que o com o dólar mais fraco, o preço das commodities também costuma subir, beneficiando empresas exportadoras brasileiras de produtos como soja, café e minério de ferro.

Veja a expectativa para Selic 

O Copom (Comitê de Política Monetária) realizará sua reunião nos dias 4 e 5 de novembro para discutir a taxa Selic do país. Na data, os membros decidirão se a taxa básica de juros, que hoje está em 15% ao ano, será mantida, aumentada ou reduzida. Por aqui, a espera é de manutenção na taxa. 
👀 "Nossa expectativa é de manutenção da taxa Selic em 15% na próxima reunião do Copom. O comunicado da última reunião se destacou ao retirar a expressão “continuação da interrupção” e ao divulgar a projeção de inflação para o 1º trimestre de 2027 estável em 3,4%", afirmaram especialistas da Warren Investimentos.