Bolsonaro cogita ligar para Trump para tentar frear tarifa de 50% dos EUA

O anúncio das tarifas ocorreu na quarta-feira (9), com o envio de uma carta oficial de Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Publicado em 10/07/2025 às 17:22h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 10/07/2025 às 17:22h Atualizado 1 dia atrás por Matheus Silva
O movimento em discussão prevê um contato direto entre Bolsonaro e Trump (Imagem: Shutterstock)

🚨 A imposição de uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras aos Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump, gerou uma reação em cadeia no cenário político nacional — e nos bastidores, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avaliam que ele próprio pode tentar intervir diretamente para conter o desgaste gerado pela medida.

Segundo apuração da CNN Brasil, o movimento em discussão prevê um contato direto entre Bolsonaro e Trump, por meio de uma ligação articulada com o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que mantém relação próxima com a ala republicana norte-americana.

A estratégia visa não apenas uma tentativa de reversão parcial da tarifa, mas também a reconstrução da narrativa em torno da crise.

Crise comercial com impacto político

O anúncio das tarifas ocorreu na quarta-feira (9), com o envio de uma carta oficial de Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No texto, o republicano afirma que a decisão foi motivada pela maneira como o Brasil tem conduzido o julgamento do ex-presidente Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), além de alegações sobre censura nas plataformas digitais.

Desde então, integrantes da base governista passaram a responsabilizar diretamente a família Bolsonaro pela retaliação comercial, apontando que o episódio teria sido incentivado por articulações internacionais de Eduardo Bolsonaro.

A esquerda passou a explorar o tema com força, sob o argumento da defesa da soberania nacional e da institucionalidade brasileira.

Aliados do ex-presidente, por sua vez, avaliam que o episódio trouxe prejuízos ao campo político conservador, desviando o foco de pautas consideradas prioritárias, como o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, que perdeu tração diante da nova crise diplomática.

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Riscos da articulação direta

Apesar do avanço da proposta nos bastidores, há preocupação com os riscos políticos e jurídicos de uma eventual intervenção direta de Bolsonaro.

Um dos temores é que, mesmo após o gesto de aproximação com Trump, as tarifas sejam mantidas ou até ampliadas. Isso poderia enfraquecer a imagem de liderança do ex-presidente, especialmente entre sua base mais fiel.

Além disso, há receio de que uma eventual reversão parcial das tarifas — acompanhada de sanções unilaterais a membros do Judiciário brasileiro, como vem sendo discutido em setores da direita norte-americana — leve a interpretações jurídicas mais duras por parte do STF, ampliando o escopo das investigações já em andamento contra o ex-presidente.

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Bastidores diplomáticos seguem tensos

Nos últimos dias, o governo brasileiro tem reforçado o tom institucional em resposta à decisão americana. Em nota oficial, o presidente Lula afirmou que o Brasil não aceitará ser tutelado e que qualquer sanção econômica será respondida com base na Lei da Reciprocidade Econômica, que autoriza contramedidas comerciais.

Trump, por sua vez, sustenta que as ações do STF configuram violações à liberdade de expressão e insiste que o Brasil mantém práticas comerciais desleais, apesar de estatísticas recentes indicarem um superávit americano de mais de US$ 400 bilhões na balança comercial com o Brasil nos últimos 15 anos.

📈 Enquanto isso, os mercados monitoram os desdobramentos da crise, com atenção às possíveis retaliações brasileiras e aos impactos sobre setores exportadores do país, como agronegócio, siderurgia e tecnologia.