Bitcoin (BTC) cai mais de 20% e arrasta mercado cripto; o que explica tombo?

Saída de ETFs, pressão sobre MicroStrategy e temor de insolvência da Tether ampliam o sell-off global.

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Publicado em 01/12/2025 às 14:11h - Atualizado 36 minutos atrás Publicado em 01/12/2025 às 14:11h Atualizado 36 minutos atrás por Wesley Santana
Bitcoin continua sendo o ativo digital de maior valor (Imagem: Shutterstock)
Bitcoin continua sendo o ativo digital de maior valor (Imagem: Shutterstock)

No acumulado dos últimos 30 dias, o índice CoinDesk 20, que reúne as principais criptomoedas do mundo, caiu mais de 20%. Segundo a gestora, o indicador perdeu a força que tinha quando operava em 4 mil pontos e agora sustenta cerca de 2,6 mil pontos.

Esse movimento foi puxado especialmente pela maior e mais valiosa cripto, que registra um recuo ainda maior no mesmo período. De acordo com os monitores de criptografia, o Bitcoin (BTC) perdeu mais de 23% do seu valor, sendo negociado na casa de R$ 452,5 mil, na conversão para o real.

Não se sabe exatamente o que faz o BTC sangrar neste patamar, mas alguns tópicos que permeiam a economia digital podem nos ajudar a compreender a história. O primeiro é um movimento de saída dos investidores de fundos de índices, que estão procurando ativos com mais segurança.

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No entanto, o movimento envolve também as chamadas Bitcoin treasuries, que são as companhias tradicionais que mantêm criptomoedas em caixa. É o caso da MicroStrategy, conhecida como a maior deste modelo no mundo.

Recentemente, o CEO Phong Le destacou que a empresa estuda vender parte dos bitcoins que mantém na carteira para pagar dividendos aos acionistas. A empresa criou um fundo de reserva no valor de US$ 1,4 bilhão que será usado também para financiar os juros da dívida.

“Um ponto importante é que o mercado costuma usar a MicroStrategy como um proxy de bitcoin, ou seja, como uma forma indireta de acessar o desempenho do ativo por meio de suas ações. Esse efeito funciona bem em períodos de otimismo, quando o mercado costuma atribuir prêmio à estratégia de acumulação da empresa, mas também aumenta a sensibilidade a qualquer menção de mudanças em sua política de tesouraria”, diz Beto Fernandes, analista independente de criptoativos, em entrevista ao Valor.

Paralelo a isso, há uma preocupação do mercado sobre a insolvência de uma das principais empresas emissoras de ativos digitais do mundo. A Tether, responsável por emitir o dólar digital (USDT), estaria com um problema de saúde financeira.

O alerta foi feito por Arthur Hayes, cofundador da BitMEX, que destacou que a empresa tem um forte patrimônio em ouro e bitcoin. Dessa forma, caso a criptomoeda caia ainda mais, a Tether pode perder a capacidade de continuar operando.

“Uma queda de cerca de 30% na posição de ouro + BTC anularia seu capital próprio, e então o USDT estaria teoricamente insolvente”, alertou Hayes.

A notícia caiu como uma bomba no mundo cripto, com os investidores fazendo as contas sobre os eventuais prejuízos que teriam com uma quebra. Isso porque muita gente tem usado o dólar digital para manter a exposição da carteira na moeda estrangeira.

No entanto, a administração da Tether informou que não há risco de insolvência e classificou o alerta como FUD, sigla para medo, incerteza e dúvida.

O CEO Paolo Ardoino destacou que a companhia tem US$ 215 bilhões em ativos e cerca de US$ 184 bilhões em passivos. Além disso, pontuou que o último balanço revelou um lucro retido de US$ 23 bilhões, o que daria espaço para eventuais perdas.

“Alguns influenciadores ou são ruins em matemática ou têm incentivo para promover nossos concorrentes”, escreveu ele. “Conforme o último anúncio de certificação (3º trimestre de 2025), a Tether continuará a manter uma reserva excedente de bilhões de dólares e um patrimônio líquido próprio do grupo, próximo a US$ 30 bilhões”, pontuou.