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🏦 Nos últimos dez anos, os recursos destinados a projetos de combate às mudanças climáticas mais que triplicaram, e as cifras recentemente divulgadas por diversas instituições indicam uma tendência de crescimento contínuo. Em 2021 e 2022, os investimentos em iniciativas para conter o aquecimento global alcançaram uma média anual de US$ 1,3 trilhão, o dobro do registrado nos dois anos anteriores, conforme dados da consultoria Climate Policy Initiative (CPI).
O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), por exemplo, está reformando as operações para aumentar o impacto dos financiamentos. No Brasil, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) assumiu a gestão do Fundo Clima, um dos maiores fundos de adaptação e mitigação do mundo, que recebeu um aporte de R$ 10,4 bilhões em abril, com o apoio do governo brasileiro para captação internacional por meio de títulos sustentáveis do Tesouro.
O Fonplata (Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata), que atua em diversos países da América Latina, firmou um contrato com o Banco Europeu de Investimento para receber consultoria voltada para a inclusão de considerações climáticas na avaliação de seus projetos.
Enquanto isso, o CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) está priorizando a adaptação às mudanças climáticas, com o objetivo de aumentar em 40% as aprovações de projetos nesse campo até 2026. O Banco Mundial planeja lançar pelo menos 15 programas nos próximos 18 meses para reduzir as emissões de metano, e o banco alemão KfW está expandindo e aprimorando seu portfólio.
O Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (Aiib) está focando seus esforços no apoio à economia verde. "Nossa meta para 2030 era que 50% dos investimentos estivessem relacionados ao combate às mudanças climáticas, mas essa meta está sendo superada", afirma Alberto Ninio, consultor jurídico do Aiib. Em 2023, os financiamentos para o clima já representavam 60% do crédito total do banco.
Apesar desses avanços, os recursos disponíveis ainda estão longe do necessário para enfrentar as mudanças climáticas. Estimativas recentes variam de US$ 2,4 trilhões a US$ 8 trilhões por ano até 2030, de acordo com o CPI. Obter os recursos necessários continua sendo um dos principais desafios.
Questões como a capitalização de instituições multilaterais e o aumento dos investimentos do setor privado estão em discussão no G20. Embora os recursos climáticos tenham atingido um recorde de cerca de US$ 100 bilhões em 2022, superando a meta anual de US$ 65 bilhões até 2025, especialistas enfatizam a necessidade de mais esforços. Rogério Studart, do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), e Maria Netto, do Instituto Clima e Sociedade (ICS), destacam a importância de capitalizar os bancos multilaterais e desenvolver instrumentos financeiros mais flexíveis e inovadores.
Segundo Netto, "não se trata apenas de ter mais recursos, mas sim de como esses recursos são oferecidos". Ela ressalta a importância de os bancos multilaterais utilizarem seu capital para assumir riscos que o setor privado não estaria disposto a assumir. "Eles continuam emprestando em condições tradicionais. Muitos investimentos associados ao clima têm riscos que o setor privado não está disposto a assumir".
O Banco Mundial está desenvolvendo soluções para superar as barreiras ao investimento privado em mercados emergentes e pretende triplicar o volume anual de garantias para US$ 20 bilhões até 2030. O BID está diversificando seus instrumentos financeiros, como o hedge lançado em parceria com o governo brasileiro para aumentar os investimentos sustentáveis verdes.
Embora haja progressos significativos, a disparidade regional persiste. Estudos mostram que Europa, Ásia/Pacífico, Estados Unidos e Canadá recebem a maioria dos financiamentos climáticos, enquanto outras regiões carecem de capital. Os especialistas concordam que o desafio está em direcionar os trilhões de dólares de ativos globais para o combate às mudanças climáticas.
Com informações do Valor Econômico
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