Banco Central diz que deve descumprir meta de inflação em junho

O BC também disse que a implementação de “determinadas” políticas nos EUA pode pressionar os preços dos produtos no Brasil.

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Publicado em 04/02/2025 às 11:03h - Atualizado 18 horas atrás Publicado em 04/02/2025 às 11:03h Atualizado 18 horas atrás por Elanny Vlaxio
Na última reunião, o Copom subiu a taxa básica de juros para 13,25% (Imagem: Shutterstock)

🏦 O Banco Central informou que a inflação deve encerrar o mês de junho acima da meta de 3%, podendo atingir até 4,5%, que é o limite superior da margem de tolerância estabelecida. A informação consta na ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada nesta terça-feira (4).

Na ata, o Copom afirmou que a taxa Selic deve subir novamente 1 ponto percentual em março, chegando a 14,25%. Esse será o maior valor da taxa básica de juros desde outubro de 2016. O BC também informou que ainda não há definição sobre o que acontecerá com os juros a partir de maio.

“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, diz o documento.

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Caso a meta de inflação seja descumprida em junho de 2025, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, terá que escrever uma nova carta para justificar o ocorrido, conforme previsto na nova sistemática da meta de inflação. Em janeiro de 2025, Galípolo já havia enviado uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando o estouro da meta de inflação de 2024.

🗣️“Os preços de alimentos se elevaram de forma significativa, em função, dentre outros fatores, da estiagem observada ao longo do ano e da elevação de preços de carnes, também afetada pelo ciclo do boi. Esse aumento tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira”, apontou a carta.

BC também diz que políticas dos EUA podem afetar preços no Brasil

O Banco Central também disse na ata que a implementação de “determinadas” políticas nos EUA pode pressionar os preços dos produtos no Brasil.

“A consecução de determinadas políticas nos Estados Unidos pode pressionar os preços de ativos domésticos. Avaliou-se, então, que seguia válida a visão anterior da possibilidade de uma elevação de inflação a partir de uma taxa de câmbio mais depreciada. Desse modo, ainda que parte dos riscos tenha se materializado, o Comitê julgou que eles seguem presentes prospectivamente”, diz a ata.

O Banco Central avaliou que o cenário externo permanece desafiador, com destaque para a conjuntura política e econômica dos Estados Unidos.

💬 “O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, o que suscita mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”, diz a ata.

Segundo a autarquia, o cenário econômico dos Estados Unidos apresenta riscos para a inflação no Brasil, podendo dificultar o controle da alta dos preços no país.

“Além disso, a política comercial e as condições financeiras prevalentes nos Estados Unidos, com impactos incertos na condução da política monetária norte-americana e no crescimento global, também introduzem riscos à inflação doméstica, seja para cima, como relatado anteriormente, ou para baixo, à medida que o cenário-base ora incorporado em preços possa não se materializar”, afirma.