Ata do Fomc: Membros do Fed veem riscos em cortar juros cedo demais nos EUA

Comitê não considera apropriado cortar juros até ter certeza de que a inflação americana está caindo de forma sustentável em direção à meta de 2% ao ano

Author
Publicado em 21/02/2024 às 17:14h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 21/02/2024 às 17:14h Atualizado 1 mês atrás por Marina Barbosa
Fed, nos Estados Unidos (Shutterstock)

Apesar de reconhecer a melhora da inflação, o Fomc (Comitê de Mercado Aberto dos Estados Unidos) demonstrou preocupação com os riscos de cortar os juros dos Estados Unidos cedo demais. Por isso, ressaltou que os juros só devem começar a cair quando houver a certeza de que a inflação está descendo de forma sustentável em direção à meta anual de 2%.

🏦 A avaliação do Fomc sobre o rumo da política monetária americana consta na ata da sua última reunião, publicada nesta quarta-feira (21). O comitê se reuniu nos dias 30 e 31 de janeiro e manteve a sua taxa de juros no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano. Na ocasião, o presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, também descartou a possibilidade de um corte de juros em março, como esperava parte do mercado.

A ata do Fomc, publicada nesta quarta-feira (21), explica que os seus membros demonstraram incerteza quanto ao tempo em que a taxa de juros americana deve ser mantida no patamar atual, o maior desde 2001. A maioria dos participantes também notou os riscos de cortar os juros cedo demais e enfatizou a importância de agir com cuidado, de olho nos próximos dados de inflação.

💲 De acordo com a ata, apenas alguns membros do Fomc apontaram para os riscos de manter os juros altos por um período longo demais. Ainda assim, o comitê concordou que não seria apropriado cortar os juros antes de ter confiança de que a inflação americana está evoluindo de forma sustentável em direção à meta de 2% ao ano.

Juros no pico

Apesar da incerteza sobre o momento apropriado de começar a cortar os juros nos Estados Unidos, a ata do Fomc ressalta que a taxa está provavelmente no pico deste ciclo de aperto monetário. Por isso, os membros do comitê concordaram em tirar do documento o trecho que deixava a porta aberta para um novo aumento dos juros americanos.

Leia também: Com inflação de 254%, Argentina aumenta salário mínimo

A ata ressalta que os riscos relacionados às metas de inflação e emprego do Fed caminham para um melhor balanço. Na avaliação do Fomc, a economia americana vem crescendo em um ritmo sólido e a criação de empregos segue forte, apesar de ter moderado desde 2023. A inflação, por sua vez, tem diminuído, mas continua acima da meta anual de 2%.

O CPI (Índice de Preços ao Consumidor) dos Estados Unidos subiu 0,3% em janeiro e acumula uma alta de 3,1% nos últimos 12 meses. O resultado ficou acima do esperado pelo mercado.

Corte de juros

No fim de 2023, o mercado esperava que os juros americanos começassem a cair já na próxima reunião do Fed, em março. Contudo, vem recalculando essa expectativa desde o discurso de Jerome Powell em janeiro, o que vem causando turbulência nas bolsas de valores, sobretudo em mercados emergentes como o Brasil. Atualmente, a expectativa é de que os juros americanos sejam reduzidos a partir de junho.