Só de olhar para as taxas oferecidas no
Tesouro Direto nesta terça-feira (11), notamos uma clara debandada para baixo dos juros compostos pagos por quem empresta dinheiro ao governo brasileiro, que já chega a render menos de 13% ao ano.
Basta acompanhar a trajetória do
Tesouro Prefixado 2028, cuja remuneração era de 13,03% ao ano na véspera e atualmente só paga 12,87% ao ano, o menor patamar para o título público desde o seu lançamento no Tesouro Direto em fevereiro de 2025.
Tudo isso acontece a despeito da
taxa Selic seguir em 15% ao ano e o próprio Banco Central (BC) jurar de pé junto, como atesta a ata do Copom, que não está pensando em aliviar a taxa básica de juros brasileira nem tão cedo.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da corretora Ativa Investimentos, o nosso BC já dá pitadas de uma política monetária mais dovish (termo em inglês para cortes de juros), tendo já esmorecido em alguns pontos em sua comunicação mais hawkish (termo em inglês para aumentos de juros).
"Finalmente o BC descarta a possibilidade de subir os juros de maneira formal, mostrando maior convicção de que a taxa corrente é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta", destaca o especialista.
Renda fixa com lucro na marcação a mercado
Tal leitura mais técnica dos agentes do mercado sobre a ata do Copom ajuda a entender o porquê certos investimentos de renda fixa já desembestaram em lucros com marcação a mercado, tendência que deve intensificar ao longo do próximo ano.
Afinal de contas, quando as taxas dos prefixados e indexados à inflação (
IPCA+) recuam com as novas apostas do mercado, em compensação, desarava-se ganhos com marcação a mercado sobre o preço unitário dos investimentos em renda fixa.
Outro indicador econômico que reforça a narrativa dos lucros com marcação a mercado para a renda fixa ao longo de 2026 é o resultado do
IPCA em outubro de 2025, que subiu apenas +0,08%, a menor taxa para o mês desde 1998. Com a inflação oficial brasileira sob controle, mais espaço se teria para cortes da
taxa Selic.
Na visão de Carlos Thadeu, economista de inflação e commodities da BGC Liquidez, a leitura do IPCA de outubro revela que a inflação brasileira veio abaixo da média esperada pelo mercado, indicando ainda a continuidade da desaceleração da atividade econômica.