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A Danone (DANOY) virou alvo de críticas e até de pedidos de boicote no Brasil depois que um dos seus diretores afirmou que a empresa parou de comprar a soja brasileira para evitar problemas com a próxima lei antidesmatamento da União Europeia. Contudo, voltou atrás e negou o fim da parceria.
❌"A informação veiculada não procede. A Danone continua comprando soja brasileira em conformidade com as regulamentações locais e internacionais", disse a Danone Brasil, em nota publicada nesta terça-feira (29).
Nas palavras da unidade brasileira da Danone, "a soja brasileira é um insumo essencial na cadeia de fornecimento da companhia no Brasil", "continua sendo utilizada" e costuma passar por processos que verificam a origem de áreas não desmatadas e rastreabilidade.
O diretor financeiro da Danone, Jurgen Esser, no entanto, havia dito na última quinta-feira (24) à "Reuters" que a empresa não compra mais soja brasileira.
Segundo ele, o fornecimento agora é "absolutamente" feito pela Ásia. A ideia seria garantir que a companhia use apenas "ingredientes sustentáveis" e, consequentemente, esteja preparada para as novas leis antidesmatamento da União Europeia.
A legislação exige que as empresas europeias comprovem a rastreabilidade das commodities que importam, mostrando que o produto não provém de áreas desmatadas. Contudo, deve ser adiada para 2025 diante de críticas de países como o Brasil.
🗣️ Em nota publicada nesta terça-feira (29), o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil) classificou essas normas como "arbitrárias, unilaterais e punitivas, tendo em vista que desconsideram particularidades dos países produtores e impõem exigências com impactos significativos sobre os custos e a participação de pequenos produtores no mercado europeu".
"Estas novas diretrizes dificultam o acesso ao mercado europeu de produtos brasileiros, da América Latina e de outras origens, incluindo a Ásia, ao invés de apoiar uma transição justa e sustentável", reclamou.
Além disso, o Mapa destacou que "o Brasil conta com uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo" e que "as empresas brasileiras atuantes no mercado de exportação de soja e outros produtos agrícolas estão em conformidade com rigorosos processos de due diligence que garantem o cumprimento das exigências de seus clientes internacionais".
O ministério concluiu que "a posição do Brasil é firme quanto a não aceitar regulamentações que ignorem nossos avanços ambientais e sociais, ao impor restrições desproporcionais a produtos brasileiros".
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O Ministério da Agricultura e Pecuária ainda fez críticas à possível interrupção das compras de soja brasileira pela Danone, dizendo que era preciso rechaçar "posturas intempestivas e descabidas".
"Essa postura influencia negativamente o comportamento de empresas comprometendo o entendimento de consumidores sobre a real dimensão da segurança alimentar baseada na produção sustentável e nas negociações internacionais, que deve ser baseada na confiança mútua e no respeito à soberania e à diversidade de soluções nacionais", afirmou.
Ainda segundo o Mapa, o Brasil está pronto para colaborar com o esclarecimento dessas questões, "mas exige ser tratado com a mesma justiça e equilíbrio que pautam as relações comerciais internacionais devendo ser rechaçadas posturas intempestivas e descabidas como anunciadas por empresas europeias, com forte presença de atividade também no mercado brasileiro".
A Aprosoja Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) foi ainda mais incisiva e sugeriu um boicote à Danone ou até uma reclamação do Brasil junto à OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Não é de se duvidar que os produtores rurais brasileiros, cansados de serem injustamente apontados como os vilões, quando na verdade são os heróis da sustentabilidade, comecem a ter motivos de sobra para colocar a Danone e outras marcas mundiais na lista de empresas a serem boicotadas no Brasil", afirmou.
Para a associação, a possível interrupção das compras de soja brasileira pela Danone é "uma demonstração de desconhecimento ao processo produtivo no Brasil e um ato discriminatório contra o Brasil e sua soberania". Por isso, "é passível de reclamação por parte do governo brasileiro nas instâncias que regulam o comércio mundial, pelo seu caráter punitivo, discriminatório e coercitivo".
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