Ações da Americanas (AMER3) despencam 15% após alta de mais de 130% na semana

O movimento reflete a volatilidade e incerteza que cercam a varejista, atualmente em processo de recuperação judicial.

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Publicado em 21/11/2024 às 15:09h - Atualizado 2 minutos atrás Publicado em 21/11/2024 às 15:09h Atualizado 2 minutos atrás por Matheus Rodrigues
Apesar do tombo, a alta acumulada nos últimos cinco dias ainda impressiona: 134,85% (Imagem: Shutterstock)

📈 As ações da Americanas (AMER3), que recentemente protagonizaram uma recuperação histórica, perderam força nesta quinta-feira (21), com queda expressiva de 15%.

Apesar do tombo, a alta acumulada nos últimos cinco dias ainda impressiona: 134,85%.

O movimento reflete a volatilidade e incerteza que cercam a varejista, atualmente em processo de recuperação judicial.

O recente rally das ações foi impulsionado pela divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2024 (3T24), no qual a Americanas surpreendeu o mercado ao reportar um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões.

Essa marca reverteu o prejuízo de R$ 1,63 bilhão registrado no mesmo período do ano anterior.

Esse resultado, no entanto, foi amplamente influenciado por efeitos extraordinários relacionados ao Plano de Recuperação Judicial da companhia, incluindo descontos substanciais nas dívidas.

O resultado financeiro consolidado foi positivo em R$ 14,2 bilhões, reflexo dos chamados haircuts — redução negociada nos valores originais das dívidas —, além da reversão de juros e atualizações monetárias.

Embora esses números tenham gerado entusiasmo inicial no mercado, analistas alertam que a base operacional ainda enfrenta grandes desafios.

Caroline Sanchez, analista de varejo da Levante, destaca que sem os impactos da renegociação de dívidas, o resultado seria significativamente menos expressivo.

“É preciso olhar além do lucro líquido e entender que a operação ainda está em um cenário desafiador”, pondera.

Alta explosiva e o fenômeno do short squeeze

Nos dias que antecederam a queda, as ações da Americanas experimentaram uma valorização meteórica, chegando a saltar 180% em alguns momentos.

Esse movimento foi parcialmente atribuído ao fenômeno conhecido como short squeeze. Investidores com posições vendidas — que apostam na queda do preço da ação — foram forçados a recomprar os papéis diante da alta, gerando ainda mais pressão compradora.

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Felipe Sant’ Anna, especialista da mesa proprietária Star Desk, explica que o mercado também precificou uma perspectiva de melhoria na gestão da dívida e na operação da varejista.

“Essa euforia foi amplificada pelo short squeeze e pela esperança de que a empresa está no caminho de recuperação, mas o cenário ainda é incerto”, comenta.

O futuro da Americanas

Apesar do otimismo pontual, a desconfiança sobre a Americanas permanece. Muitos bancos e corretoras abandonaram a cobertura da companhia após o escândalo contábil que a levou à recuperação judicial.

O mercado de varejo, por sua vez, enfrenta um ambiente macroeconômico desafiador, com consumo desacelerado e pressão por margens mais estreitas.

Analistas alertam que os próximos resultados serão cruciais para avaliar se a Americanas consegue sustentar a recuperação operacional e reconquistar a confiança dos investidores.

Até lá, a volatilidade deve continuar ditando o rumo das ações, tornando o papel atrativo apenas para investidores dispostos a encarar altos níveis de risco.

Com uma recuperação espetacular seguida por quedas abruptas, a Americanas se tornou um símbolo de volatilidade extrema na Bolsa.

📊 Enquanto alguns enxergam sinais de uma possível reestruturação bem-sucedida, outros acreditam que o cenário ainda é de muita incerteza.