Trump desafia Fed: Fraude imobiliária estaria por trás da demissão de diretora

Neste momento, os Estados Unidos passam por uma situação jamais vista na história do país. O presidente Donald Trump demitiu uma das diretoras do Fed (Federal Reserve) em uma escalada das relações que a Casa Branca mantém com o órgão monetário.

Desde que assumiu a presidência do país, Trump tem criticado a política de juros, dizendo que seria a hora certa para reduzir a taxa. Depois de atacar publicamente o presidente do Fed, ele atirou para o outro lado, na mira de Lisa Cook.

Em documentos obtidos pela Casa Branca, Lisa teria feito financiamentos habitacionais para dois imóveis. De acordo com a CNN, os dois locais constam como a residência principal da diretora, o que seria considerado uma fraude hipotecária nos EUA.

Nos EUA, quanto um imóvel é classificado como residência principal, os bancos oferecem taxas de juros mais baixas e outras vantagens para o pagamento. Ao assinar um contrato imobiliário, as pessoas precisam se comprometer a morar no local por um período mínimo estabelecido no documento.

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No caso de Cook, ela teria assinado os dois documentos com um intervalo de duas semanas entre eles, sendo um para Atlanta e outro para Ann Arbor, cidades que estão a pelo menos 12 horas de distância.

A imprensa norte-americana destaca que ainda não está claro se a diretora do Fed informou ao primeiro banco se iria mudar sua residência principal. Por isso, o caso ainda carece de apurações para ser concluído.

A primeira discussão em torno disso aconteceu há duas semanas, quando o Departamento de Justiça -vinculado ao governo- disse que iria investigar o caso. No entanto, a demissão feita por Trump acontece mesmo sem uma acusação formal por parte do órgão judicial.

Lisa Cook é uma economista formada pela Universidade do Estado de Michigan, nomeada para o órgão pelo presidente Joe Biden, em 2022. Ela foi reeleita para o cargo em 2023 e teve seu mandato extendido até 2038.

O que vai acontecer?

Por meio das redes sociais, Trump levantou as suspeitas contra a funcionária do Fed, em referência a supostas informações falsas em contratos imobiliários. Diante disso, ele pontuou que teria “poderes constitucionais” para removê-la do cargo.

Em resposta, Cook foi categórica, dizendo que o presidente não tem poder para tirá-la do cargo e que ela não renunciaria. Segundo a legislação norte-americana, o presidente só pode demitir um membro do Fed, em caso de justa causa, então é essa a alegação dele para despedir a diretora.

"O presidente Trump alegou ter me demitido 'por justa causa' quando não há justa causa prevista em lei, e ele não tem autoridade para fazê-lo", disse Cook em um comunicado."Não vou renunciar. Continuarei a cumprir minhas obrigações para ajudar a economia americana, como tenho feito desde 2022", acrescentou.

Ainda não se sabe qual será o desfecho dessa história, mas o fato é que nunca antes na história dos EUA um membro do Fed foi demitido pelo presidente da República. Até esta terça-feira (26), o órgão monetário não havia se manifestado sobre o caso.

Índice do medo

Em uma escala que vai de 0 a 100, o índice do medo nos Estados Unidos opera na faixa dos 60 pontos nesta terça. Esse valor tem sido visto já há algumas semanas, o que mostra o sentimento de parte do mercado norte-americano com a situação do país.

A pontuação é calculada por meio de sete indicadores que medem áreas importantes da economia para replicar no mercado de ações. Quanto mais próximo de 0, mostra que os investidores estão otimistas, enquanto quanto perto de 100, mais pessimista.