4 pontos para entender a alta do dólar nesta sexta (29)

A moeda atingiu um novo recorde e bateu R$ 6,11.

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Publicado em 29/11/2024 às 15:17h - Atualizado 7 meses atrás Publicado em 29/11/2024 às 15:17h Atualizado 7 meses atrás por Elanny Vlaxio
As movimentações iniciais foram caracterizadas por ajustes técnicos (Imagem: Shutterstock)

💸 A divulgação do pacote fiscal na quarta-feira (27) continuou a influenciar o mercado cambial, abrindo a sessão de sexta-feira (29) com uma valorização significativa do dólar. A moeda atingiu um novo recorde histórico, superando a marca de R$ 6,11 na primeira hora de negociação.

Taxa de desemprego

As movimentações iniciais foram caracterizadas por ajustes técnicos, impulsionados pela retomada das atividades nos mercados norte-americanos após o feriado de Ação de Graças. Para o economista sênior do Banco Inter, André Valério, uma combinação de fatores contribuiu para a alta da moeda no pregão desta sexta.

A taxa de desemprego, por exemplo, atingiu 6,2% no trimestre encerrado em outubro de 2024, registrando o menor nível de desocupação na série histórica, iniciada em 2021, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Proposta do governo

segundo análise de Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, a proposta de reforma do Imposto de Renda, com isenção para quem ganha até R$ 5 mil, foi o principal fator que gerou a reação negativa dos mercados e persistiu na alta da moeda.

"Apesar das fragilidades identificadas nas medidas de corte, o que realmente desencadeou a recepção negativa nos mercados foi o anúncio simultâneo da proposta de reforma do IR com isenção para quem recebe até R$ 5 mil", disse.

Ele ainda acrescentou que "Além de levantar dúvidas sobre a sua viabilidade política, a escolha de fazer o anúncio de mudanças no IR em conjunto com as propostas de cortes de gastos foi interpretada como fragilidade das pastas econômicas com relação ao núcleo político do governo (em particular a Casa Civil)."

Dívida bruta do Brasil

💰 A superação da marca de R$ 9 trilhões pela dívida bruta brasileira, em outubro, também exerceu pressão adicional sobre a cotação do dólar. O BC (Banco Central) informou que a dívida alcançou R$ 9,032 trilhões no mês, apresentando um crescimento de 1,16% em relação a setembro e de 14,13% em comparação com outubro de 2023.

"O câmbio persiste em patamares historicamente esticados e acima das nossas estimativas de equilíbrio de médio prazo, situação que deve persistir enquanto o condicionante de risco fiscal não for resolvido em meio à tendência de endividamento crescente do governo federal, como vimos novamente hoje com a divulgação de dados fiscais", analisou Valério.

Perspectiva dos Estados Unidos

No entanto, para Bruno Corano, economista da Corano capital, a alta do dólar está relacionada a perspectiva dos EUA (Estados Unidos) de crescimento. "Essa alta está ligada a perspectiva de crescimento dos EUA, de redução de impostos e uma possível aceleração da economia com o governo Trump, o que fez o dólar se apreciar frente a outras moedas", explicou.

🤔 Vale lembrar que o banco central dos EUA iniciou um ciclo de redução das taxas de juros em setembro (0,50 ponto percentual). No entanto, a recente eleição presidencial e a economia norte-americana atual geram incertezas sobre a continuidade e o ritmo desses cortes.

Na outra ponta, o economista do Inter finaliza reforçando que os movimentos durante a semana "têm sido benignos". "Apesar de um cenário externo que tem desfavorecido o real ao longo das últimas semanas com o fortalecimento global do dólar, os movimentos ao longo desta semana em particular têm sido benignos e geralmente favoráveis para a cesta de moedas emergentes, reforçando os fatores locais como motivadores da situação atual do câmbio", finalizou.

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