SP enfrenta nova crise hídrica e Tarcísio pede racionamento voluntário

Reservatórios operam no menor nível para dezembro desde 2015, última grave crise de água no estado.

Author
Publicado em 29/12/2025 às 13:28h - Atualizado 17 minutos atrás Publicado em 29/12/2025 às 13:28h Atualizado 17 minutos atrás por Wesley Santana
Sistema Integrado é responsável por abastecer a região metropolitana de SP (Imagem: Shutterstuck)
Sistema Integrado é responsável por abastecer a região metropolitana de SP (Imagem: Shutterstuck)

O estado de São Paulo passa mais uma vez por uma crise hídrica, conforme informa o Palácio dos Bandeirantes. Com os reservatórios de água operando em níveis baixos, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pediu que a população paulista economize água durante as festas de fim de ano.

“Todos precisam fazer sua parte. É importante que a população utilize com consciência”, disse o chefe do Executivo estadual. “Há obras em curso, ligação de bacias, mas isso não basta. O que pudermos economizar será importante”, continuou.

De acordo com a última atualização da Sabesp, o Sistema Integrado Metropolitano opera com apenas 26,1% de sua capacidade. Na divisão por região, os mananciais estão nas seguintes condições:

  • Alto Tietê: 19,7%;
  • Cantareira: 20,1%;
  • Rio Claro: 37,8%;
  • Cotia: 41,6%;
  • Guarapiranga: 46,4%;
  • São Lourenço: 47,1%;
  • Rio Grande: 59,2%.

Os números indicam o menor nível dos reservatórios para um mês de dezembro desde 2015. Foi justamente nesse ano que SP passou pela pior crise hídrica da história, quando foi necessário fazer racionamento de água quase em todo o estado.

Tanto o governo quanto os prefeitos da região metropolitana têm feito reuniões emergenciais para tratar do assunto, que não tem data para ser resolvido. A esperança é que os próximos dias possam registrar chuvas e, assim, melhorar a condição hídrica dos reservatórios que atendem mais de 12 milhões de pessoas diariamente.

Verão mais quente

A crise hídrica acontece no mesmo período em que SP registra um dos verões mais quentes da história. Neste domingo (28), a capital registrou a maior temperatura para dezembro desde 1961, com 37,2º, conforme dados do Climatempo.

O recorde anterior havia sido registrado em 1998, quando os termômetros apontavam 35,1º. No entanto, apenas nesta última semana, isso já foi superado pelo menos três vezes, destaca o monitoramento.

Nos últimos dias, a Defesa Civil disparou vários alertas de altas temperaturas para os paulistas. E isso se estende a outros estados do país, que também têm passado por ondas de calor acima da média histórica para o último mês do ano. 

“O cenário reflete a atuação persistente de uma massa de ar quente, responsável por temperaturas elevadas e sucessivos recordes, especialmente em áreas urbanas, onde os efeitos do calor são potencializados”, informou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O órgão projeta uma melhora nesses índices para os próximos dias, a começar pela terça-feira (30). A expectativa é que a temperatura em SP varie entre 22º e 29º C a partir deste dia, com o começo de pancadas de chuva intensas, com trovoadas, raios, eventuais rajadas de vento e potencial para queda de granizo.

Sabesp no foco

Privatizada pelo governo de SP neste ano, a Sabesp (SBSP3) alega que o problema dos reservatórios está ligado ao alto consumo neste início de verão. Segundo a companhia, houve um aumento de até 60% no consumo de água por causa das altas temperaturas. 

Em alguns lugares da cidade, sobretudo nas periferias, moradores já relatam falta de água que duram até mais de 12 horas por dia. Uma reportagem da Folha de SP dá conta de que, na Zona Oeste da capital, o fornecimento de água é interrompido nas primeiras horas da manhã e só volta durante a próxima madrugada.

"Passei o Natal lavando o cabelo das clientes com [água em] garrafa de plástico. Perdi alguns atendimentos. Foi constrangedor", contou a cabeleireira Elaine Cristina dos Santos à reportagem. "Tenho quatro crianças dentro de casa. Tenho uma filha especial e uma criança adotiva com dermatite, que tem que ficar tomando banho direto porque ela coça muito a pele. Eu não sei o que fazer”, relatou.

De acordo com a Sabesp, o abastecimento de água é mais precário em algumas partes da cidades dado o sistema de bombeamento, que leva o líquido para as partes mais altas. No entanto, a empresa também cita a falta de energia que a região metropolitana passou no começo deste mês como parte do problema. 

"Ao longo do último mês tivemos alguns percalços", diz a diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Sabesp, Samanta Souza. “É preciso que o consumo se estabilize na base das cidades para que o topo, o alto da montanha, possa receber também a água na pressão adequada”.

Toda essa situação envolvendo os reservatórios de água de SP tem pressionado as ações da Sabesp, que operam com baixa nesta segunda-feira (29). Por volta das 13h, os papéis da companhia eram negociados aos R$ 132,50, conforme dados da B3.

No entanto, o movimento de baixa é incapaz de apagar a valorização que a companhia obteve ao longo deste ano, depois de sua privatização. Desde janeiro, o valor de mercado da ex-estatal avançou cerca de 50%, chegando ao patamar de R$ 93,2 bilhões.