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A guerra entre Israel e Hamas completou seis meses no último domingo (7), mas ainda há especulações controversas em relação ao fim do conflito. Após uma nova rodada de negociações no Egito para um cessar-fogo e a libertação de reféns, Israel manteve seus planos de invadir a cidade de Rafah, na faixa de Gaza, onde aproximadamente 1,5 milhão de palestinos buscaram refúgio dos combates entre as forças israelenses e o movimento Hamas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que a invasão acontecerá em uma data determinada, reforçando a intenção de erradicar o Hamas de toda a região, incluindo Rafah. Essa decisão segue o anúncio do ministro da Defesa, Yoav Gallant, sobre a retirada das tropas de Khan Yunis, também no sul, em preparação para futuras missões na cidade. Netanyahu enfatizou que o local é considerado o último grande reduto do Hamas, que governa o território palestino desde 2007.
Por outro lado, os avisos de evacuação emitidos por Israel em Gaza antes dos ataques revelaram uma série de erros significativos, conforme análise da BBC. Esses alertas, muitas vezes confusos e contraditórios, além de conter erros nos nomes dos distritos, podem infringir as obrigações de Israel, perante o direito internacional.
Embora as IDF (Forças de Defesa de Israel, da sigla em inglês) tenham rejeitado as alegações de confusão nos avisos de evacuação, afirmando que fazem parte de um esforço mais amplo para proteger civis, elas deveriam ter fornecido informações claras para a população civil evacuar áreas de perigo.
O sistema de alerta de Israel, que divide Gaza em centenas de quarteirões numerados, é uma novidade para os habitantes locais. Apesar de ter sido apresentado como uma medida para ajudar a população a fugir de áreas de risco, a implementação parece ter sido problemática.
Alguns quarteirões não estavam destacados no mapa, algumas áreas destacadas no mapa não estavam mencionadas no texto de postagem da evacuação, entre outros erros. Essas inconsistências comprometeram a eficácia dos avisos, violando assim as obrigações de Israel de fornecer alertas antecipados eficazes.
Esses problemas foram evidenciados por relatos de residentes de Gaza, que enfrentaram dificuldades para acessar e compreender os avisos de evacuação. Embora as IDF tenham afirmado que os avisos salvaram inúmeras vidas, a análise da BBC questiona a eficácia desses alertas e destaca a necessidade de uma revisão e melhoria no sistema de alerta de Israel para garantir a segurança da população.
Para o professor da Fia Business School, Paulo Feldemann, o primeiro-ministro de Israel e os Estados Unidos estão desgastados. “Israel não pode correr o risco de perder o apoio norte-americano. Então é muito provável que Netanyahu esteja agora começando a considerar a possibilidade de aceitar um acordo de paz, em que haja a devolução dos reféns”, diz. Ele complementa que essa seria a saída mais inteligente para o líder israelense.
Do ponto de vista de Feldemann, apesar de o Hamas ter iniciado a ofensiva, Israel teve uma reação exagerada, que culminou em uma baixa reputação do país perante a opinião pública mundial. “Isso é muito importante. Israel precisa recuperar isso. Atualmente, há uma movimentação enorme em Israel pedindo impeachment e novas eleições. Isso, dia a mais, dia a menos, vai acontecer. O governo dele (Netanyahu) errou muito, não só na forma agressiva e violenta com a qual atacou a população palestina, mas também nos erros que permitiram que o Hamas atacasse naquele dia 7 de outubro (do ano passado), sem que o serviço de segurança de Israel soubesse do ataque. Foi uma falha do serviço de inteligência muito grande e inconcebível”, considera.
Além disso, o professor pondera que os aliados do Hamas não demonstram tanto interesse na guerra, o que pode corroborar para o fim do conflito em um futuro próximo. “O Irã, por mais que grite e esbraveje, não quer entrar nessa guerra, porque seria muito ruim para eles do ponto de vista econômico e diplomático. É claro que se o Irã entrasse no conflito, tomaria proporções enormes, mas fica evidente, a essa altura, que não tem muito interesse em entrar 'pra valer”, defende.
Para Feldemann, os outros grupos rebeldes que se envolveram indiretamente na guerra, apoiando o Hamas, também não representam grande ameaça. “O Hezbollah e o Houthis são forças importantes, mas que não têm condições de realmente provocar grandes danos a Israel ou à população israelense. O Hezbollah, inclusive, não tem o apoio do governo do Líbano (país de origem do grupo). E, por sinal, existe um conflito grande entre Hezbollah, governo do Líbano e população libanesa”.
Para o especialista, esses fatores fazem com que Israel esteja inclinado a optar por um acordo de paz. “Em um cenário ideal, teria um cessar-fogo, em que os reféns seriam entregues e a região de Gaza ficaria sob a administração internacional. Na minha opinião, é o mais adequado para que se evite justamente que novos ataques contra Israel aconteçam”, afirma.
Feldemann também salienta que seria prudente uma força internacional liderada pela ONU comandar o local. “Isso já aconteceu em inúmeros conflitos que tivemos no globo terrestre, no século XX, então mais uma vez isso será necessário. Uma força de paz administrada pelas Nações Unidas seria a saída mais adequada para todos os lados ".