Mais de 100 fundos estão expostos à crise da Virgo, acusada de usar reservas de investidores

Levantamento aponta que R$ 4,2 bilhões em ativos de FIIs, Fiagros e FIDCs estavam ligados à securitizadora em investigação.

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Publicado em 02/09/2025 às 12:04h - Atualizado 23 horas atrás Publicado em 02/09/2025 às 12:04h Atualizado 23 horas atrás por Wesley Santana
Baleia da Faria Lima é um dos símbolos do mercado financeiro no Brasil (Imagem: Shutterstock)

Uma das principais securitizadoras do país vem sendo acusada de usar indevidamente os recursos de investidores. Agora, um levantamento mostra que 112 fundos de investimentos tinham em suas carteiras ativos vinculados à securitizadora Virgo.

De acordo com um mapeamento feito pela Mukta, e repercutido pelo Valor, esses fundos tinham cerca de R$ 4,2 bilhões em patrimônio exposto à Virgo. A conta inclui apenas os CRIs e CRAs de exposição direta ou indireta, em que se detêm os papéis na carteira ou se figuram por meio de participações em outros fundos de investimentos.

A maior parte dos fundos em questão é formada por Imobiliários (FII), que representam quase 80% do total levantado pelo estudo. A outra grande parte é composta Fiagros e apenas um único é FIDC (Fundos em Direitos Creditórios).

Essa composição chama a atenção porque os FIIs são muito buscados pelos investidores, mas não contam com a proteção de outros produtos financeiros. Além do próprio formato não ser coberto pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos), os CRIs e CRAs também não estão na lista de elegibilidade para o ressarcimento.

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Há algumas semanas, a virgo vem estampando manchetes nos jornais por supostamente ter usado fundos de reserva para garantir operações. Um dos casos citados pelas denúncias é de que a securitizadora usou recursos de fundos de investimentos para cobrir uma garantia firme de um CRI da Cedro Participações, considera uma operação de alto risco.

Por regra da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a securitizadora é responsável por manter a guarda dos fundos de reservas, mas os recursos devem estar apartados das receitas comuns. Eduardo Levy, ex-executivo da Virgo, foi um dos responsáveis por trazer o caso à tona.

“No caso da Virgo, eu nunca vi nada igual, é algo parecido com pirâmide, em que usa recursos de um lado para pagar de outro. Não é uma prática das securitizadoras. Não é o nosso dia a dia”, comentou um executivo, em entrevista ao site Capital Aberto.

Riza vai comprar Virgo

Nesta segunda, a Riza Holding fechou um acordo para comprar a operação da Virgo. Nenhuma das duas partes divulgou os valores do M&A, mas pode ter movimentado uma cifra milionária.

Desta forma, a Riza passará a ser responsável pelos CRIs da Cedro, um dos casos responsáveis pela crise que a securitizadora atravessa. “A operação, uma vez concluída, possibilitará o resgate dos recursos atualmente investidos no Allocation sem qualquer prejuízo aos investidores de títulos emitidos pela Virgo”, disse nota da nova dona.

O prazo para que a operação seja concluída é de até 30 dias, sendo que há um prazo adicional de mais 30 dias para a diligência. A ideia é que a operação da Virgo seja feita de forma independente da estrutura da Rizo.