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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez o discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nesta terça-feira (19/09). Foram 21 minutos de defesa da redução da desigualdade, no âmbito social, no desenvolvimento sustentável e na governança global.
Além de defender pautas históricas da sua trajetória política, como a redução da fome; Lula cobrou que os países desenvolvidos liberem recursos para o financiamento de projetos sustentáveis, reiterou o pedido de ampliação do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e a construção da paz por meio do diálogo, citando o caso da Ucrânia.
Lula ainda usou o discurso para reiterar o retorno do Brasil ao cenário internacional. “Nosso país está de volta para dar sua devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais. Resgatamos o universalismo da nossa política externa, marcada por diálogo respeitoso com todos”, afirmou.
É tradição que o Brasil faça o discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. Esta foi a oitava vez que Lula conduziu a cerimônia. Ele disse, então, que, estava de volta a este posto graças à “vitória da democracia” no Brasil.
“A democracia garantiu que superássemos o ódio, a desinformação e a opressão. A esperança, mais uma vez, venceu o medo. Nossa missão é unir o Brasil e reconstruir um país soberano, justo, sustentável, solidário, generoso e alegre. O Brasil está se reencontrando consigo mesmo, com nossa região, com o mundo e com o multilateralismo”, afirmou.
Veja o discurso completo de Lula na Assembleia Geral das Nações Unidas:
A desigualdade foi o tema central do discurso de Lula na ONU. Para ele, o mundo está cada vez mais desigual e isso ainda dita o destino de milhões de pessoas ao redor do mundo. Lula cobrou, então, o reforço do trabalho de combate à desigualdade na Agenda 2030.
“A mais ampla e mais ambiciosa ação coletiva da ONU voltada para o desenvolvimento – a Agenda 2030 – pode se transformar no seu maior fracasso. Estamos na metade do período de implementação e ainda distantes das metas definidas. [...] O imperativo moral e político de erradicar a pobreza e acabar com a fome parece estar anestesiado”, afirmou.
Lula defendeu ainda que, para reduzir a desigualdade, é preciso “incluir os pobres nos orçamentos nacionais e fazer os ricos pagarem impostos proporcionais ao seu patrimônio”. Além disso, afirmou que o Brasil trabalhará nesse sentido ao assumir a presidência do G20, em dezembro.
“Não mediremos esforços para colocar no centro da agenda internacional o combate às desigualdades em todas as suas dimensões. Sob o lema ‘Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável’, a presidência brasileira vai articular inclusão social e combate à fome; desenvolvimento sustentável e reforma das instituições de governança global”, anunciou.
O presidente brasileiro também apontou desigualdades na agenda climática. Segundo ele, os países ricos cresceram com base em altas taxas de emissões de gases danosos ao clima e, por isso, deveriam colaborar financeiramente no desenvolvimento de projetos sustentáveis em países em desenvolvimento.
“Sem a mobilização de recursos financeiros e tecnológicos não há como implementar o que decidimos no Acordo de Paris e no Marco Global da Biodiversidade. A promessa de destinar 100 bilhões de dólares – anualmente – para os países em desenvolvimento permanece apenas isso, uma promessa. Hoje esse valor seria insuficiente para uma demanda que já chega à casa dos trilhões de dólares”, afirmou.
Diante do avanço do desmatamento na Amazônia durante o governo do seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL); Lula também aproveitou a ocasião para destacar que o Brasil tem trabalhado na proteção do meio ambiente. Ele disse ainda que o futuro da floresta amazônica “depende da ação decisiva e coordenada dos países que detêm soberania sobre os territórios da região”.
“Retomamos uma robusta e renovada agenda amazônica, com ações de fiscalização e combate a crimes ambientais. Ao longo dos últimos oito meses, o desmatamento na Amazônia brasileira já foi reduzido em 48%. O mundo inteiro sempre falou da Amazônia. Agora, a Amazônia está falando por si”, afirmou.
Lula ainda falou em desigualdades na governança global, retomando a defesa de que organismos multilaterais abram espaço para países que ganharam relevância no cenário mundial nas últimas décadas. Ele fez críticas à composição do FMI (Fundo Monetário Internacional), do Banco Mundial, da OMC (Organização Mundial do Comércio) e especialmente do Conselho de Segurança da ONU, órgão para o qual o Brasil pleiteia um assento permanente.
“O princípio sobre o qual se assenta o multilateralismo – o da igualdade soberana entre as nações – vem sendo corroído. Nas principais instâncias da governança global, negociações em que todos os países têm voz e voto perderam fôlego”, afirmou o presidente brasileiro, que engrossou o tom ao falar do Conselho de Segurança da ONU.
“O Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente sua credibilidade. Essa fragilidade decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime. Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia”, declarou.
Foi com base nessa avaliação de desigualdade na governança mundial que o chefe de Estado brasileiro falou sobre os conflitos armados que acontecem ao redor do mundo, como a guerra da Ucrânia. Ele sugeriu que os líderes globais invistam em diálogo e não em armamentos para colocar fim ao conflito.
“A guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz. Mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo. Tenho reiterado que é preciso trabalhar para criar espaço para negociações”, afirmou Lula.
O presidente brasileiro foi criticado nas últimas semanas por ter dito que o presidente russo, Vladimir Putin, não seria preso se fosse ao Brasil para participar da Cúpula do G20 em 2024, que ocorrerá no Rio de Janeiro. O Brasil é membro do Tribunal Penal Internacional (TPI) e deveria seguir as decisões da corte, que emitiu um mandado de captura internacional contra Putin por causa de crimes de guerra durante a invasão à Ucrânia.
Lula voltou atrás da declaração e agendou um encontro bilateral com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante a Assembleia-Geral da ONU, na quarta-feira (20/09). Lula e Zelensky tentaram se reunir em maio na Cúpula do G7, no Japão, mas o governo brasileiro disse que a comitiva ucraniana não apareceu.
Lula tentou se posicionar de maneira oposta a Jair Bolsonaro em diversas partes do seu discurso na ONU, apesar de não ter citado o seu antecessor. Além disso, o petista fez críticas ao neoliberalismo e à extrema direita.
“O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias. Seu legado é uma massa de deserdados e excluídos. Em meio aos seus escombros surgem aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas. Muitos sucumbiram à tentação de substituir um neoliberalismo falido por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário”, afirmou.
Neste momento, Lula saiu em defesa dos refugiados, do Estado de bem-estar e dos direitos trabalhistas. Ainda falou que “os governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a ‘voz dos mercados’ e a ‘voz das ruas’”.
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