Justiça bloqueia e muda gestão de três fundos de criptomoedas

Fundos da gestora Titanium Asset foram atingidos pela decisão, tomada em meio a investigação sobre pirâmide financeira

Author
Publicado em 29/11/2023 às 16:20h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 29/11/2023 às 16:20h Atualizado 1 mês atrás por Marina Barbosa
PF investiga pirâmide financeira com criptomoedas (Shutterstock)

A Justiça determinou o bloqueio e o afastamento temporário da gestora Titanium Asset do comando de três fundos de investimento do mercado de criptomoedas: Titanium Cripto Galaxy, Titanium Cripto Access e Titanium Cripto Structure.

A decisão ocorre em meio a uma operação da PF (Polícia Federal) que investiga um suposto esquema de pirâmide financeira com criptoativos. Com isso, os resgates e as liquidações das cotas desses fundos foram suspensos.

Além disso, esses fundos passaram a ser geridos pela sua administradora, a Vórtx Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários.

Leia também: JBS (JBSS3) estuda novos investimentos na Arábia Saudita

Em fato relevante, a Vórtx disse que está em contato com a Titanium Asset “em busca de maiores informações que possam ter gerado o recebimento da ordem judicial mencionada”.

A administradora ainda garantiu “o seu compromisso de seguir desempenhando suas atividades de forma diligente e em estrita observância ao seu dever fiduciário, mantendo os cotistas e o mercado geral informados acerca de eventuais desdobramentos”.

PF faz operação

Após quase três anos de investigações, a Polícia Federal deflagrou a operação Ouranós na terça-feira (28) para investigar um suposto esquema de pirâmide financeira no mercado de criptomoedas.

Ao todo, foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão e 11 medidas cautelares diversas da prisão, contra 12 pessoas físicas e mais de 50 empresas nos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A PF ainda determinou o bloqueio e o sequestro de aproximadamente R$ 400 milhões em bens.

Segundo a PF, o esquema consistia na captação de recursos de investidores, por meio de contratos de investimento coletivos, para aplicação desses recursos em suposta arbitragem de criptomoedas.

“Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e crimes contra o sistema financeiro nacional, dentre eles, fazer operar instituição financeira sem autorização, oferta irregular de valor mobiliário, exercício ilegal de assessoria de investimento”, afirmou a PF.

Em nota, a corporação disse que “as investigações identificaram, ainda, investimentos com possível origem no tráfico de drogas, crimes contra o sistema financeiro nacional e fraudes empresariais e fiscais”.

Os fundos criptos

Afastada da gestão dos fundos de investimento cripto, a Titanium Asset diz em seu site que é uma “uma gestora de ativos que se utiliza de tecnologias avançadas, com o objetivo de proporcionar uma performance diferenciada nos investimentos”.

🧾 Segundo a gestora, o Titanium Cripto Galaxy é um fundo de investimento composto por criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, além de stablecoins e ativos como finanças descentralizadas (DeFi) e tokens. Com um patrimônio superior a R$ 3,9 milhões, o fundo ofereceu 59,57% de retorno desde que foi constituído, em 2021.

🧾 O Titanium Cripto Structure, por sua vez, promete “o melhor dos ativos digitais, por meio de operações estruturadas de forma descorrelacionada do mercado”. O patrimônio do fundo supera R$ 72,8 milhões em patrimônio. Já o retorno foi de 42,36% desde o início, em 2021.

🧾 Já o Titanium Cripto Access aplica 80% dos seus recursos em renda fixa e 20% no Titanium Cripto Structure, com o objetivo de facilitar o acesso de investidores de varejo ao mercado de ativos digitais. O fundo tem mais de R$ 5,8 milhões em patrimônio e rendeu 3,96% desde 2021.