Isenção do IR até R$ 5 mil pode elevar PIB do Brasil em 0,6%, dizem economistas

Projeções indicam que o aumento de renda deve impulsionar o consumo e compensar parte da perda de arrecadação.

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Publicado em 06/11/2025 às 12:59h - Atualizado 2 minutos atrás Publicado em 06/11/2025 às 12:59h Atualizado 2 minutos atrás por Wesley Santana
Real é a moeda mais negociada na América do Sul (Imagem: Shutterstock)
Real é a moeda mais negociada na América do Sul (Imagem: Shutterstock)

Na noite desta quarta-feira (5), o Senado Federal aprovou um projeto de lei que isenta de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Com isso, o texto segue para sanção do presidente Lula e deve entrar em vigor em janeiro de 2026.

Para além dos benefícios que a diminuição do tributo vai trazer para a população, economistas já calculam que a isenção vai turbinar a economia brasileira. Uma conta feita pela MB Associados, repercutida pela CNN Brasil, mostra que o potencial de acréscimo no PIB (Produto Interno Bruto) é de até 0,6 ponto percentual já no próximo ano.

“Contribui para o crescimento porque é mais renda que será usada em consumo. Em um momento de desaceleração da economia, os consumidores vão compensar esse enfraquecimento”, disse o economista-chefe Sérgio Vale.

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Outros cálculos já haviam sido feitos por outras entidades, que preferiram ser mais conservadoras. Há quem projete um adicional de 0,3% e até 0,25% no mesmo ano, como é o caso do Santander.

"Temos uma mudança de composição. Essa é uma parte da população que tem uma propensão marginal a consumir maior do que aqueles em que vai ter a compensação. Essa troca faz com que a gente tenha um pouco mais de consumo", afirma Ítalo Franco, economista do banco espanhol.

No final, mesmo com a perda de arrecadação, o governo vai receber uma parte deste valor, que volta ao círculo de consumo e gera novos impostos. Por isso, além de compensar a mudança com a taxação das pessoas mais ricas, os tributos sobre esse novo adicional também vão voltar aos cofres públicos.

Para os especialistas, esses valores devem ser usados para diminuir o rombo fiscal. Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), destaca que essa quantia será ainda mais relevante no primeiro semestre do ano, quando, historicamente, os potenciais isentos estariam declarando o IR, conforme acontece historicamente.

"O governo está certo em taxar os mais ricos, mas deveria usar esse recurso para reduzir o buraco fiscal", afirma Matos. "Você não pode se dar ao luxo de não usar se você tem déficit."

Economia de R$ 312 por mês

Outros levantamentos mostram que a economia anual de uma família isenta de IR será superior a R$ 4 mil. Na proporção mensal, a nova regra abre um espaço para economias de R$ 312,89, conforme dados da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita (Unafisco Nacional).

A nova regra ainda não está em vigor, mas quem tem rendimentos de até R$ 5 mil não vai mais precisar se preocupar com o pagamento do IR em 2026. Já quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7.350 não estará completamente isento, mas será beneficiado por uma alíquota menor.