Investigados pela CPI da Covid são citados em fraude do INSS

Beneficiários começam a ser notificados dos descontos nesta terça (13)

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Publicado em 13/05/2025 às 12:15h - Atualizado 1 minuto atrás Publicado em 13/05/2025 às 12:15h Atualizado 1 minuto atrás por Wesley Santana
CPI foi feita pelos senadores (Imagem: Agência Senado)

Ao menos dois nomes envolvidos na fraude do INSS já foram investigados por órgãos oficiais anteriormente. Maurício Camisotti e Danilo Trento, que agora aparecem no escândalo do desconto indevido de aposentados e pensionistas, foram investigados pela CPI da Covid, em 2021.

💉 Na época, os empresários foram acusados de participar da negociação de vacinas superfaturadas vindas da Índia, conhecidas como Covaxin. O governo federal teria negociado o pagamento de R$ 80,70 por cada unidade, enquanto imunizantes de outras fabricantes teriam saído até quatro vezes menos, como foi o caso da vacina da AstraZeneca.

As investigações de Brasília apontaram que eles receberiam uma espécie de propina pelos imunizantes. Isso se daria por meio da empresa Precisa Medicamentos, que representava o laboratório Bharat Biotech no negócio que poderia gerar 20 milhões de doses de vacina, embora a marca não tenha apresentado um acordo formal com a indiana.

Desta vez, eles estão na mira da Polícia Federal porque aparecem como sócio de uma das entidades que descontaram mensalidades dos beneficiários do INSS sem autorização. A estimativa é que a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos tenha levantado até R$ 178 milhões durante o período em que aconteceu a fraude.

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Segundo investigações da Polícia Federal, os dois casos se deram de forma simultânea, ambos durante a pandemia. Em agosto de 2021, quando a CPI estava em andamento, a associação assinou um termo de cooperação com o INSS que lhe outorgou a possibilidade de descontar as mensalidades diretamente na folha de pagamento.

“A negociata com as vacinas da Índia não deu certo e eles partiram para lesar aposentados e pensionistas. Essa é nossa principal hipótese. Precisamos aprofundar as investigações", disse o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), autor do pedido que originou a CPI da Covid, em entrevista ao G1.

A defesa de Camisotti foi procurada pela reportagem e destacou que ele tem um histórico de atuação comprovada na área da saúde. Além disso, pontuou que ele não participou ou financiou a compra das vacinas.

"Não houve qualquer tipo de irregularidade ou de investigação na sua aquisição de testes de COVID por se tratar de uma compra perfeitamente normal", afirmou a defesa. "Maurício Camisotti acompanha com perplexidade as infundadas acusações e ilações que têm envolvido seu nome e, no momento oportuno e conforme os prazos da Justiça, irá se pronunciar, se defender e restabelecer a verdade”, complementam.

A defesa de Trento também foi procurada, mas não respondeu à imprensa até a publicação deste texto. O espaço está aberto para comentários.

Notificação de beneficiários

📱 O INSS marcou para esta terça-feira (13) o início da notificação de todos os aposentados e pensionistas, dos que foram vítimas da fraude aos que não foram. Os recados são enviados por meio do aplicativo “Meu INSS”, que reúne os principais serviços do órgão federal.

“Aviso importante para você. Foi identificado desconto de entidade associativa no seu benefício. A partir de amanhã você poderá informar se autorizou ou não através do aplicativo ou ligue 135”, diz texto enviado às vítimas.

“Fique tranquilo, nenhum desconto foi feito em seu benefício! O governo federal descobriu a fraude dos descontos associativos não autorizados e seguirá trabalhando para proteger você e seu benefício!", destaca a versão recebida por quem não foi descontado.

O prazo para pedir o ressarcimento dos descontos indevidos começa na quarta (14), também por meio do aplicativo oficial. A entidade terá um prazo de 15 dias para comprovar o vínculo com o beneficiário e, caso não consiga, deve devolver o valor cobrado anteriormente.

O INSS pede que todos os aposentados e pensionistas façam todo esse processo apenas pelo aplicativo ou telefone. O órgão destaca que esse são os únicos canais oficiais e que não envia mensagens de texto (SMS) ou e-mails.