Fraude do INSS: Investigado tentou converter R$ 59 milhões para criptomoedas

Operação foi barrada pelo BTG Pactual e comunicada ao Coaf e à CPMI; esquema teria desviado mais de R$ 1 bilhão.

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Publicado em 03/10/2025 às 14:00h - Atualizado 2 horas atrás Publicado em 03/10/2025 às 14:00h Atualizado 2 horas atrás por Wesley Santana
INSS é responsável pelo pagamento de aposentadorias e benefícios sociais no país (Imagem: Shutterstock)
INSS é responsável pelo pagamento de aposentadorias e benefícios sociais no país (Imagem: Shutterstock)

Um dos investigados no escândalo de fraude do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) tentou converter R$ 59 milhões para criptomoedas depois do início das investigações. O movimento teria sido feito por Maurício Camisotti por meio de sua conta no BTG Pactual, no dia 8 de maio de 2025.

Segundo reportagem do G1, o montante representava 40% do patrimônio que o empresário mantinha na instituição. Ao saber da tentativa de conversão dos valores, o BTG recusou a operação e comunicou os órgãos competentes. 

O banco informou que a transação não foi autorizada porque ela foi considerada atípica, já que o cliente nunca tinha feito uma operação deste modelo. Camisotti chegou a pedir uma reunião presencial no banco, mas não conseguiu seguir com a conversão.

Ele também teria solicitado ao banco que queria receber repasses mensais de Nelson Willians, em uma conta offshore. Ele não apresentou nenhum documento, mas disse que os valores eram referentes à venda de um imóvel nos EUA. 

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Esses dois fatos foram suficientes para que o BTG comunicasse o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e a CPMI do INSS sobre os movimentos suspeitos. Segundo o banco, isso apresentava indícios de evasão de divisas e tentativa de mascarar a origem e o destino do dinheiro, ainda segundo a reportagem. 

Essa não foi a primeira vez que o BTG barrou operações feitas pelo investigado, dado que, em 2024, ele tentou realizar empréstimos pessoais em nome de terceiros. Na época, ele pediu R$ 16 milhões para repassar ao empresário e ex-deputado estadual de Santa Catarina, Antônio Luz Neto, valor que foi negado pelo banco. 

"A solicitação de crédito em nome de terceiros, por si só, pode configurar um indício de lavagem de dinheiro, especialmente se não houver justificativa clara para tal conduta. [...] as pessoas envolvidas não nos apresentaram justificativa crível para a realização de tal operação sob as condições propostas, tampouco apresentaram capacidade financeira para tanto", afirmou o banco.

Maurício está preso desde o mês passado e é apontado pelas investigações como um dos principais cabeças do esquema que desviou milhões de reais de aposentados e pensionistas do INSS. O golpe se dava por meio de descontos indevidos, feitos mensalmente sem a autorização dos beneficiários. 

Estima-se que mais de R$ 1 bilhão tenha sido drenado pelo grupo criminoso desde 2021, conforme apontam as investigações. Nesta quinta (2), Camisotti foi convocado pela CPMI do INSS para prestar esclarecimentos sobre o assunto.