É do agro: Conheça o investimento que disparou mais de 300% na B3 em julho

O derivativo de Boi Gordo apresentou um crescimento recorde no mês, veja por quê.

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Publicado em 27/08/2025 às 17:21h - Atualizado 10 horas atrás Publicado em 27/08/2025 às 17:21h Atualizado 10 horas atrás por Marina Barbosa
Derivativos de Boi Gordo movimentaram R$ 19,6 bilhões em julho (Imagem: Shutterstock)

Enquanto o mercado de ações cambaleava, um ativo ligado ao agronegócio disparou mais de 300% na B3 em julho.

🐂 Foi o derivativo de Boi Gordo, ativo que se baseia nos preços de uma das principais commodities produzidas no Brasil.

De acordo com a B3, a negociação dos derivativos de Boi Gordo teve um crescimento recorde em julho, atingindo um volume financeiro total de R$ 19,6 bilhões. Para se ter ideia, no mesmo mês do ano passado, esse volume foi de R$ 4,6 bilhões.

Com isso, o ativo ainda atingiu um volume médio diário de negociação de 13,5 mil contratos, sendo 60% em contratos futuros e 40% em opções.

"Atingimos um novo patamar de liquidez e profundidade no mercado de Boi Gordo", comentou a head de Produtos Commodities da B3, MarielleBrugnari.

O que explica a alta?

💲 A disparada ocorreu depois que a B3 atualizou as regras de negociação desse ativo, por meio da adoção de um novo indicador de preço, calculado pela Datagro.

A mudança permitiu a abertura de opções com vencimento no mesmo dia (D0), a redução da margem de garantia exigida para os contratos futuros e o aumento nos limites de posição para as opções.

Segundo a B3, o objetivo dos ajustes foi aumentar a liquidez do ativo, reduzindo os custos de execução e proporcionando melhores spreads para os investidores que desejam rolar suas posições entre os diferentes vencimentos dos futuros.

🔎 Contudo, analistas também apontam outros fatores que podem ter impulsionado esse ativo.

Especialista da Valor Investimentos, Gabriel Cecco observou que o preço do boi gordo está valorizado e que os pecuaristas têm se movimentado para garantir que os preços sigam em um patamar elevado.

"Os pecuaristas estão controlando a oferta de animais enquanto a demanda externa segue muito forte", contou Cecco.

As tarifas aplicadas pelos Estados Unidos a países como o Brasil também podem ter pressionado esse ativo, segundo o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz.

Ele explicou que o preço do boi já vinha em alta nos Estados Unidos por causa de um ciclo de produção negativo e subiu ainda mais com o início da cobrança das tarifas.

"Com a questão tarifária, ficou mais caro para os Estados Unidos pegar gado de outros países, principalmente do Brasil, que estava atendendo bastante o mercado deles", observou.

Investidores

Segundo MarielleBrugnari, o aumento de liquidez dos derivativos de boi gordo beneficia dois públicos principais:

  • os investidores que buscam ganhos em curto prazo, com a volatilidade da commodity;
  • os investidores institucionais e a cadeia pecuarista, incluindo produtores e frigoríficos, que usam o derivativo como uma ferramenta de gestão de risco e, dessa forma, passam a ter mais previsibilidade financeira nas suas operações.

Head de renda variável da Faz Capital, Alexandre Pletes confirmou que as mudanças implementadas pela B3 ajudaram a atrair mais investidores, sobretudo pessoas físicas, para este ativo.

Ele ressaltou, por sua vez, que os derivativos de boi gordo são recomendados especialmente para produtores, que usam o ativo como hedge, para se proteger de possíveis variações no preço da commodity. Ou seja, para travar o preço em um patamar positivo e proteger suas margens.

⚠️ "Tem muita gente que usa para especulação, mas tem que ter bastante experiência para fazer esse tipo de movimento", comentou Pletes.

"Para o investidor, o aumento de liquidez traz a oportunidade de especulação e diversificação. Mas é preciso ter cuidado, porque este é um mercado de alta volatilidade, que exige gestão de risco", reforçou Cecco.

Segundo dados da B3, as pessoas físicas responderam por quase metade dos contratos de boi gordo negociados na bolsa em julho. Veja a distribuição:

  • Pessoas físicas: 46,5%;
  • Investidores internacionais: 24,1%;
  • Empresas do agronegócio: 15,0%;
  • Instituições financeiras: 9,0%;
  • Investidores institucionais: 5,4%.