“Temos o Trump da TV e o da vida real”, diz Lula sobre telefonema com líder dos EUA

Conversa tratou de redução de tarifas, democracia e combate ao crime organizado.

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Publicado em 03/12/2025 às 12:08h - Atualizado 21 minutos atrás Publicado em 03/12/2025 às 12:08h Atualizado 21 minutos atrás por Wesley Santana
Lula e Trump conversaram pela terceira vez desde o começo das tarifas de importação (Imagem: Divulgação)
Lula e Trump conversaram pela terceira vez desde o começo das tarifas de importação (Imagem: Divulgação)

Nesta quarta-feira (3), o presidente Lula (PT) comentou sobre a ligação telefônica que teve com seu homônimo dos Estados Unidos, Donald Trump, na véspera. O líder brasileiro classificou a chamada como surpreendente e destacou que há dois perfis do chefe de Estado.

"Eu posso dizer que, toda vez que eu converso com o Trump, eu me surpreendo. Porque, muitas vezes, você vê o Trump na televisão, muito nervoso. Na conversa pessoal, ele é outra pessoa. Eu fiz questão de dizer para ele, temos dois Trump: o da televisão e o da conversa pessoal", afirmou, em entrevista à TV Verdes Mares, de Fortaleza (CE).

A ligação durou cerca de 40 minutos e foi realizada durante a tarde para tratar de assuntos comuns aos dois países que mantêm relações diplomáticas e comerciais há mais de 200 anos. Essa é a terceira vez que eles conversam desde que Trump decidiu impor taxações a diversos países do mundo, além de sancionar autoridades brasileiras por causa do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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"Da mesma forma que o povo teve uma notícia ruim, está perto de ouvirmos mais uma notícia boa. Conversei seriamente com Trump, sobre a necessidade dele compreender as duas maiores democracias", continuou Lula.

O tema central da conversa foi a retirada completa das taxações adicionais contra o Brasil, o que vem sendo feito de maneira escalonada por Washington. Além disso, eles também falaram sobre o combate ao crime organizado, um tema que tem sido tratado com veemência pelo mandatário da Casa Branca.

"Disse também sobre o combate ao crime organizado, mandei um documento para ele e disse que estamos dispostos a trabalhar junto na fronteira e onde for necessário", pontuou Lula. "O crime organizado é um atraso, foi uma conversa extraordinária. Temos o Trump da televisão e o Trump da vida pessoal, falei pra ele da química boa, estamos bem, não há por que ter divergência. Pode esperar, muita coisa pode acontecer", reforçou o presidente.

As boas relações entre os dois presidentes começaram a se desenrolar na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), quando eles se encontraram pessoalmente pela primeira vez, em setembro. Desde então, eles marcaram uma agenda conjunta, mas também conversaram outras duas vezes por telefone.

O resultado foi a diminuição da tarifa de 40% para uma série de produtos exportados pelo Brasil aos EUA. Carnes, café, frutas e outros itens agora só contam com o imposto básico de 10%, que está em vigor para todos os países do mundo, conforme regra do governo Trump.

"Da mesma forma que o povo teve uma notícia ruim, está perto de ouvirmos mais uma notícia boa. Conversei seriamente com Trump, sobre a necessidade dele compreender as duas maiores democracias", finalizou o petista.

Eduardo Bolsonaro reage

O deputado federal Eduardo Bolsonaro reagiu à ligação de Lula e Trump e disse estar “otimista” com os resultados da chamada. No entanto, comentou que qualquer avanço nas relações bilaterais deve passar pelo enfrentamento do que classificou como “crise institucional do Brasil”.

“Um diálogo franco entre dois países pode abrir caminhos importantes”, disse ele, completando que “sanções nunca são um fim em si mesmas; são instrumentos legítimos para corrigir violações graves quando outras vias foram bloqueadas”.

O parlamentar é apontado como um dos responsáveis por atuar junto à Casa Branca para a imposição de tarifas contra os produtos brasileiros. Essa teria sido a maneira encontrada por ele e seu entorno para tentar impedir que o ex-presidente fosse preso.

A articulação de Eduardo teria sido responsável não só pelo imposto adicional de 40%, mas também pela sanção de autoridades brasileiras. Alguns dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) estão proibidos de entrarem nos EUA, por exemplo, como é o caso de Alexandre de Moraes.